O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...
O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...
O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A divulgação da imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> São Paulo como gran<strong>de</strong> centro cosmopolita estava<br />
respaldada nas recentes transformações pelas quais passava a cida<strong>de</strong>, favorecidas pela<br />
industrialização e o crescimento da produção cafeeira. Já o instituto baiano não podia<br />
utilizar estes argumentos. Em suas análises da realida<strong>de</strong> social da Bahia da Primeira<br />
República, os associados do IGHBa viam um quadro <strong>de</strong>solador. Em 1896, o dr.<br />
Tranquilino Torres diagnosticava que: "...<strong>de</strong> facto paira sobre nossa infeliz terra um<br />
mal presságio sobre tudo que é nobre, quaesquer que sejam as modalida<strong>de</strong>s da vida,<br />
comércio, indústria, sciencia, lettras e artes - a ausência <strong>de</strong> confiança."22<br />
Mesmo diante dos "males" dos quais falava o conselheiro, e o "aspecto<br />
<strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte" da cida<strong>de</strong> criticado por Teodoro Sampaio, o IGHBa - seguindo o mo<strong>de</strong>lo<br />
do IGHB- produziu um discurso <strong>de</strong> exaltação do passado <strong>de</strong> glórias e do sonhado<br />
futuro civilizado da Bahia. Aqueles anos <strong>de</strong> crescente <strong>de</strong>sprestígio político, estagnação<br />
econômica e distanciamento dos padrões <strong>de</strong> "civilida<strong>de</strong>" e "mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>" <strong>de</strong>sejados<br />
pelas elites eram i<strong>de</strong>ntificados como uma fase transitória, hiato entre o pretérito e o<br />
futuro <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas. A análise do orador Teodoro Sampaio, <strong>em</strong> 1920, é ilustrativa<br />
<strong>de</strong>sta convicção:<br />
"a Bahia, que foi a metrópole colonial, foi o cerebro da<br />
nacionalida<strong>de</strong> nascente. (...) A Bahia, porém, <strong>de</strong>para-se-<br />
nos <strong>de</strong>smedrada do seu primitivo valimento. Porque?<br />
Será, por ventura, porque <strong>em</strong>pobreceu e <strong>de</strong>finhou? Será<br />
porque os recursos naturaes se lhe esgotaram ou porque<br />
se lhe <strong>de</strong>sperdiçaram as riquezas accumuladas <strong>de</strong><br />
outr'ora? Não, a Bahia não <strong>de</strong>finhou n<strong>em</strong> <strong>em</strong>pobrece. A<br />
Bahia sente-se como que entorpecida, assim como esses<br />
organismos novos, presa <strong>de</strong> atonia que lhe <strong>de</strong>tém o<br />
natural crescimento."23<br />
23