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O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...

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CONSIDERAÇÕES FI<strong>NA</strong>IS<br />

As com<strong>em</strong>orações da In<strong>de</strong>pendência na Bahia revelavam dil<strong>em</strong>as e conflitos da<br />

socieda<strong>de</strong> baiana dos primeiros anos da República. Os costumes e valores herdados do<br />

Império ao mesmo t<strong>em</strong>po que pautavam a construção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s sócio-culturais,<br />

revelavam como aquela socieda<strong>de</strong> estava distante <strong>de</strong> projetos políticos tidos como<br />

fundamentais na época para marcar o ingresso no mo<strong>de</strong>rno mundo republicano. Estas<br />

heranças impunham limites às tentativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scaracterizar as ruas enquanto lugar <strong>de</strong><br />

encontros sincréticos, multidões ruidosas e afirmação <strong>de</strong> diferenças sócio-culturais.<br />

Enquanto se esperava <strong>em</strong> vão pelos imigrantes europeus, nas ruas da cida<strong>de</strong><br />

consolidava-se uma cultura urbana singular no contexto nacional. Como diria Antônio<br />

Risério, a Bahia vivia "o processo matinal" da cultura "luso-banto-sudanesa" com<br />

alguns traços tupis.'<br />

Neste processo matinal, a com<strong>em</strong>oração <strong>de</strong> um episódio histórico permitia a<br />

exibição <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas imagens da socieda<strong>de</strong> baiana, dando visibilida<strong>de</strong> às explícitas<br />

relações que guardava com a herança africana por um lado, e às propostas <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>finição cultural da vida urbana por outro. Na ocasião diferentes grupos sociais<br />

projetavam suas interpretações do seu mundo, atribuindo significados diversos a<br />

práticas culturais compartilhadas. A festa do Dois <strong>de</strong> Julho tinha, portanto, sentidos<br />

múltiplos e ambivalentes. Celebrando o Dois <strong>de</strong> Julho os baianos contavam diferentes<br />

formas <strong>de</strong> estar na cida<strong>de</strong> e na festa.<br />

Neste sentido, incorporava <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as celebrações pomposas no Campo Gran<strong>de</strong><br />

até os festejos nos quintais dos moradores do beco do Gilú; do <strong>de</strong>sfile oficial com as<br />

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