O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...
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OS LETRADOS E A MODERNIDADE QUE NÃO VEIO.<br />
No romance O País do Carnaval, Jorge Amado narra o regresso do<br />
protagonista a Salvador nos anos <strong>de</strong> 1930, após sete anos <strong>em</strong> Paris. "Paulo Rigger,<br />
admirava-se <strong>de</strong> tudo. A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tomé <strong>de</strong> Souza dava-lhe a impressão <strong>de</strong> uma<br />
daquelas cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência, on<strong>de</strong> tudo morre aos poucos ...... 1 O personag<strong>em</strong>,<br />
apesar <strong>de</strong> ser baiano, estranhava a cida<strong>de</strong> como um estrangeiro. Havia se <strong>de</strong>purado dos<br />
costumes da terra, havia se civilizado entre os europeus. Achava tudo estranho: o<br />
entusiasmo dos populares, a arquitetura colonial, o clima tropical... levando-o a se<br />
<strong>de</strong>finir como brasileiro por nascimento, mas francês por formação. As impressões do<br />
protagonista reflet<strong>em</strong> a perplexida<strong>de</strong> dos letrados da Primeira República diante da<br />
cida<strong>de</strong> da Bahia, uma vez que o casario antigo e os hábitos <strong>de</strong> seus habitantes faziam<br />
parte <strong>de</strong> um passado que se esperava superado.<br />
Em 1904, foi a vez do engenheiro Teodoro Sampaio retornar à Salvador para<br />
trabalhar nas obras <strong>de</strong> saneamento da capital. Assim como o fictício Paulo Rigger, o<br />
engenheiro mostrou-se <strong>de</strong>sapontado com a cida<strong>de</strong>. Mas, se o <strong>de</strong>sencanto com Salvador<br />
era comum tanto a Teodoro Sampaio <strong>em</strong> 1904 quanto a Paulo Rigger <strong>em</strong> 1930, as<br />
suas atitu<strong>de</strong>s foram distintas. O personag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Jorge Amado consi<strong>de</strong>rou a volta para<br />
Paris como o melhor a fazer; já Teodoro Sampaio se dispôs a contribuir para <strong>de</strong>stituir<br />
a capital baiana <strong>de</strong> suas "velharias arraigadas" e <strong>de</strong> seus costumes provincianos. Ainda<br />
<strong>em</strong> 1905, na avaliação do engenheiro "a capital da Bahia não po<strong>de</strong> continuar, com um<br />
aspecto <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte, que nos envergonha perante o estrangeiro e nos rebaixa a nós<br />
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