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O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...

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Posteriormente este foi substituído pela escultura <strong>de</strong> um índio, simbolizando a raça<br />

brasileira. Um novo carro foi encomendado <strong>em</strong> 1840 para transportar a figura da<br />

cabocla, uma representação <strong>de</strong> Catarina Paraguassú, a índia que teria se casado com<br />

o lendário Caramuru, selando assim a aliança entre portugueses e nativos.'<br />

Nos anos imperiais fazia parte das atribuições dos patriotas vestir os caboclos<br />

com "esmero e elegância" antes <strong>de</strong> exibi-los pelas ruas da cida<strong>de</strong>. A cabocla, por se<br />

tratar <strong>de</strong> uma figura f<strong>em</strong>inina, recebia cuidados especiais. Nas com<strong>em</strong>orações <strong>de</strong><br />

1874, vestiram-na com "um rico saiote <strong>de</strong> veludo, orlado <strong>de</strong> galão e franja <strong>de</strong> ouro<br />

fino", além <strong>de</strong> colocar<strong>em</strong> sobre sua cabeça "brilhante dia<strong>de</strong>ma, offerecida por damas<br />

patrióticas <strong>de</strong>sta terra".3 Devidamente paramentados, os carros simbólicos atraíam a<br />

população para as com<strong>em</strong>orações pela In<strong>de</strong>pendência. Como os santos nas<br />

procissões, os caboclos eram saudados durante o cortejo cívico com fogos, vivas e<br />

flores atiradas das janelas. Na rua, eram acompanhados por uma "crioulada"<br />

barulhenta que conferia popularida<strong>de</strong> àqueles símbolos da Bahia.<br />

Mantidos <strong>em</strong> um barracão à Lapinha durante todo o ano, a exibição dos<br />

caboclos nas ruas e praças do centro da cida<strong>de</strong> favorecia a elaboração <strong>de</strong> diversos<br />

significados para os tradicionais símbolos da In<strong>de</strong>pendência. Em Casos e Coisas da<br />

Bahia, Antônio Vianna conta sobre uma discussão entre um comerciante português e<br />

um caixeiro que insistia <strong>em</strong> querer ver o cortejo, com "o santo 2 <strong>de</strong> Julho", numa<br />

associação do Dois <strong>de</strong> Julho às costumeiras procissões religiosas da Bahia<br />

oitocentista.4 A associação do caixeiro não era excepcional, pois as reverências aos<br />

caboclos aproximavam-nos aos santos da Bahia.<br />

Também fazia parte das festivida<strong>de</strong>s a exposição dos caboclos <strong>em</strong> coretos<br />

armados nas praças. Em uma fotografia do começo <strong>de</strong>ste século, os carros simbólicos<br />

aparec<strong>em</strong> expostos aos olhares <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> homens e crianças negras no Terreiro<br />

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