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MARCUS, o imortal<br />
Nisso, nossa atenção se <strong>de</strong>slocou para um serviçal da casa, como um mensageiro<br />
que se aproximava com cartas. Após os pedidos naturais <strong>de</strong> licença ele ofereceu a Tomás<br />
os papéis e se retirou. Após ler rapidamente do que se tratava Aquino disse:<br />
- Cartas do Gran<strong>de</strong> Alberto.<br />
OPUS 14<br />
“Qu<strong>em</strong> é Alberto?<br />
Ele nascera <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 1200. Sua importância é capital, o que o livra <strong>de</strong> muitos<br />
probl<strong>em</strong>as com as esferas políticas. Tomás <strong>de</strong> Aquino é seu discípulo. Muita gente entre<br />
a Germânia , Espanha e França recebe ensinamentos <strong>de</strong> Alberto, o Gran<strong>de</strong>. Eu, Marcus<br />
<strong>de</strong> Paris, humil<strong>de</strong> aluno, tenho esse privilégio. Todos nós t<strong>em</strong>os. Pietro <strong>de</strong> Ferrara, que<br />
<strong>de</strong>ixou a família riquíssima para ganhar os caminhos da escolástica e mergulhar nos<br />
misteriosos domínios do oculto. Alexandrino, o menor, jov<strong>em</strong> rebel<strong>de</strong> já muitas vezes<br />
preso pelas autorida<strong>de</strong>s e torturado por <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a opção <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento,<br />
após sua última fuga foi dominado por uma força surpreen<strong>de</strong>nte, até hoje inexplicável,<br />
que <strong>de</strong>rrubou com os ombros as pare<strong>de</strong>s da prisão <strong>em</strong> que se encontrava. LaCordaire,<br />
tranqüilo pensador, po<strong>de</strong>roso hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> armas, lutador excepcional que partiu das<br />
milícias parisienses por <strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cer a ord<strong>em</strong> dada para um massacre contra grupos <strong>de</strong><br />
ju<strong>de</strong>us que habitavam a região da Campânia. Todos amigos e discípulos <strong>de</strong> Alberto<br />
Lúcius.<br />
Mestre Alberto é autorida<strong>de</strong> igualada a Aristóteles, conhecido no planeta inteiro<br />
como Doutor do universal, por uns, e por outros como o Médico Universal, graças a seu<br />
trabalho <strong>em</strong> Ciências Naturais. Títulos que lhe vieram com o t<strong>em</strong>po.<br />
Na carta en<strong>de</strong>reçada a Tomás ele relata que não sairá <strong>de</strong> Colônia. A questão dos<br />
estudos e dos ensinamentos ocultos está estimulando uma revolta por parte <strong>de</strong><br />
segmentos da Igreja e lá ele se encontra <strong>em</strong> certa segurança. Ele sugere cuidados a<br />
Tomás <strong>de</strong> Aquino e o convida para ir a Colônia. Alberto conta que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seus estudos <strong>de</strong><br />
Arte <strong>em</strong> Pádua, quando se prontificou a entrar para a ord<strong>em</strong> dos Dominicanos nunca<br />
tinha sido objeto <strong>de</strong> tanta preocupação por parte das autorida<strong>de</strong>s. Soube ele, s<strong>em</strong> atinar<br />
se a informação procedia, que grupamentos <strong>de</strong> clérigos incitaram camponeses à <strong>de</strong>lação<br />
<strong>de</strong> pessoas que estivess<strong>em</strong> <strong>em</strong> contato com o sobrenatural. Queimaram gente nas praças<br />
públicas. As milícias <strong>de</strong> segurança nada fizeram. Um medo se espalha pelas cida<strong>de</strong>s da<br />
Germânia e isso já se torna um mo<strong>de</strong>lo. Uma noite <strong>de</strong>sce sobre a Europa, diz ele.<br />
Alberto relata que <strong>em</strong> Colônia o respeitam com total proprieda<strong>de</strong>. Tanto é que<br />
está abrindo um centro <strong>de</strong> estudos e pe<strong>de</strong> para que seus mais diletos alunos o<br />
acompanh<strong>em</strong>. Tomás <strong>de</strong> Aquino diz que Alberto fala <strong>em</strong> meu nome. Gostaria que eu<br />
estivesse por perto. Diz que há um futuro alvissareiro para mim, se me mantiver no<br />
estudo das artes profundas. Ele ressente da falta <strong>de</strong> mentes abertas para que ele<br />
argumente e discuta sobre as mais recentes interpretações dos escritos Aristotélicos.<br />
Quer fazer isso antes que a Igreja proíba a leitura do mestre grego. Sabe que alguns<br />
prelados se mov<strong>em</strong> e já proibiram a leitura <strong>de</strong> Platão e outros. Um obscurantismo<br />
proposital parece <strong>de</strong>scer sobre todos”.<br />
- É isso – disse Tomás. - Parece que nosso mestre está com muito trabalho e precisa <strong>de</strong><br />
ajuda. Convido a que os senhores, nesta s<strong>em</strong>ana que entra, medit<strong>em</strong> amplamente sobre<br />
o que fazer. Eu tomei minha <strong>de</strong>cisão e vou para Colônia. Os dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso e<br />
cont<strong>em</strong>plação se foram. Preciso beber na sabedoria do mestre Alberto, novamente, e<br />
para lá irei.<br />
- Far<strong>em</strong>os isso, Tomás – disse-o <strong>em</strong> nome dos amigos – Tomar<strong>em</strong>os esses últimos dias<br />
para conversarmos sobre o assunto.<br />
- É claro que se quiser<strong>em</strong> permanecer aqui o castelo <strong>de</strong> Roccassecca ficará à disposição.<br />
Mas, não. Partimos todos. Tomás <strong>em</strong> direção da Germânia, levando cartas<br />
minhas a Alberto e eu, com os amigos, <strong>de</strong> volta a Paris, procurando Sonja e Bernard <strong>de</strong><br />
Clairvaux. Nas cartas que enviei para Alberto pedia explicação e luz sobre todos os<br />
eventos pelos quais passamos, mesmo que parecess<strong>em</strong> extraordinários e inacreditáveis.<br />
Pedia para que enviasse correspondência <strong>de</strong> reposta na direção <strong>de</strong> NotreDame, a igreja.<br />
OPUS 15<br />
Em acordo com Burckhardt, as mulheres estavam <strong>em</strong> perfeita igualda<strong>de</strong> com os<br />
homens. Nada mais equivocado. A <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> entre os sexos começava no<br />
nascimento. A maioria das crianças que eram abandonadas era do sexo f<strong>em</strong>inino. Se não<br />
Coelho De Moraes 25