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BAR EM BAR: ATÉ O DIA 18, UM FESTIVAL DE ... - Roteiro Brasília

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14<br />

água na boca<br />

O morador de rua<br />

por vicente sá<br />

que virou tapioca<br />

A<br />

mais forte contribuição dos indígenas<br />

à culinária nacional, a mandioca<br />

é a base de uma iguaria que<br />

sempre foi apreciada no Nordeste brasileiro<br />

e nos últimos anos conquistou todo o<br />

país. Deixou de ser uma comidinha simples<br />

para sofisticar-se e agradar aos paladares<br />

mais exigentes. Estamos falando da tapioca,<br />

comida feita à base da fécula da<br />

mandioca que, ao se espalhar em uma<br />

chapa quente, coagula-se e vira um tipo de<br />

panqueca ou crepe seco. Do início da colonização<br />

brasileira até a metade do século<br />

passado, esse era o pão do nordestino,<br />

apreciado basicamente com manteiga ou<br />

queijo, em sua versão salgada, ou com coco,<br />

quando doce.<br />

Hoje, a comida ganhou incontáveis variações,<br />

com dezenas de recheios diferentes,<br />

e se transformou em “especialidade”<br />

de casas espalhadas por todo o Brasil. Em<br />

algumas, é tratada com requintes que a<br />

elevam à categoria gourmet, como é o caso<br />

da Tapiocaria Raízes do Sertão, do empresário<br />

Durley Soares da Silva. São mais de<br />

100 sabores de tapioca, desde a mais simples,<br />

apenas com manteiga do sertão, às<br />

recheadas com camarão, salmão, baca-<br />

Fotos: Divulgação<br />

lhau, atum, tilápia e uma vasta combinação<br />

de queijos e purês.<br />

A tapioca tornou-se uma paixão para<br />

Durley Soares ainda em 2009, quando<br />

ele era gerente de uma casa de massas que<br />

funcionava na 311 Norte, ao lado de uma<br />

tapiocaria. Mas a história desse hoje empresário<br />

de sucesso merece ser melhor<br />

contada. Durley é goiano de Iraciara e<br />

chegou a <strong>Brasília</strong> em 1987, aos sete anos<br />

de idade. Filho de uma família numerosa<br />

e com o pai sofrendo de um problema na<br />

coluna que o impedia de trabalhar, lutou<br />

desde cedo para ajudar no sustento da casa.<br />

Morando em Planaltina com os onze<br />

irmãos, descia todos os dias para trabalhar<br />

no Plano Piloto. Foi nessas incursões<br />

que aprendeu a gostar de livros. “Eu<br />

lia tudo o que encontrava, sem ligar para<br />

assunto ou gênero. Eu achava muito livro<br />

jogado no lixo. Depois fui lendo os oferecido<br />

pelo Luiz Amorim, do T-Bone, esses<br />

que ficam nos pontos de ônibus. Cheguei<br />

a ler mais de 300 livros em seis meses”,<br />

orgulha-se Durley.<br />

O amor pelos livros mudaria sua vida<br />

e o ajudaria a fugir do rumo fácil das drogas<br />

ou da bebida quando, por questões<br />

emocionais, largou a família, aos 17 anos,<br />

e tornou-se morador de rua. “Eu dormia<br />

pela Asa Norte, frequentava os pequenos<br />

restaurantes, onde trabalhava por comida,<br />

lavando pratos ou limpando o lixo.<br />

Nunca aceitei comida de graça”, lembra.<br />

Depois de um ano, ele voltou ao convívio<br />

da família e logo depois casou-se. Fez cursos<br />

no Senac enquanto trabalhava na Escola<br />

de Música de <strong>Brasília</strong> como técnico<br />

mecanógrafo, e nas horas de folga vendia<br />

sorvetes aos alunos e professores. Conheceu<br />

e criou laços de amizade com boa parte<br />

dos músicos da cidade que ali lecionavam,<br />

entre eles o violonista Jaime Ernest<br />

Dias, Maria Barros e o próprio diretor da<br />

escola à época, Carlos Galvão.<br />

Depois de fazer o curso de garçom,<br />

também no Senac, foi trabalhar numa ca

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