"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
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Sentou-se novamente ao la<strong>do</strong> da professora, a<strong>do</strong>rmecida.<br />
O filme era mesmo muito chato. Acen<strong>de</strong>u a luzinha individual e tentou ler, mas, com o<br />
zumbi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s motores e com a monotonia da viagem, acabou a<strong>do</strong>rmecen<strong>do</strong>. Mais uma<br />
vez para sonhar com um Kara especial...<br />
***<br />
Chumbinho acor<strong>do</strong>u ce<strong>do</strong>.<br />
A casa ainda <strong>do</strong>rmia quan<strong>do</strong> o menino saiu. Pegou um táxi especial.<br />
- Para Cumbica, por favor. O motorista sorriu. "Corrida boa..."<br />
No bolso <strong>de</strong> Chumbinho estava o telegrama que Magrí enviara em seguida ao<br />
recebimento <strong>do</strong> seu. Dessa vez, não tinha si<strong>do</strong> necessário usar nenhum código. O<br />
telegrama dizia apenas o horário <strong>do</strong> pouso em Cumbica <strong>do</strong> avião em que Magrí voltaria<br />
<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />
"Vou chegar ao aeroporto antes <strong>de</strong> Magrí passar pela alfân<strong>de</strong>ga...", pensava o menino.<br />
***<br />
Acor<strong>do</strong>u com a voz excitada <strong>de</strong> <strong>do</strong>na Iolanda:<br />
- Ai, Magrí! Você nem imagina quem está no avião, junto com a gente!<br />
- Hum?<br />
Dona Iolanda estava animadíssima:<br />
- Você já ouviu falar na <strong>Droga</strong> <strong>do</strong> Amor? Já ouviu?<br />
- S-sim... - respon<strong>de</strong>u a menina, esfregan<strong>do</strong> os olhos.<br />
- E você sabia que o teste final da <strong>Droga</strong> <strong>do</strong> Amor vai ser feito no Brasil? Hein? No Brasil?<br />
- a professora fez uma expressão superior, <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>scobriu algo muito importante. -<br />
Pois as amostras <strong>do</strong> soro e os cientistas cria<strong>do</strong>res da <strong>Droga</strong> <strong>do</strong> Amor estão voan<strong>do</strong> para o<br />
Brasil neste avião!<br />
- É mesmo? On<strong>de</strong> estão eles?<br />
- Acabei <strong>de</strong> saber por uma repórter que está viajan<strong>do</strong> conosco. São aqueles <strong>do</strong>is, ali!<br />
Magrí seguiu a direção <strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> aponta<strong>do</strong> pela professora. De pé, no corre<strong>do</strong>r, aceitan<strong>do</strong><br />
com prazer a bajulação e o interesse jornalístico da tal repórter, estavam os <strong>do</strong>is<br />
americanos que Magrí ouvira conversan<strong>do</strong> naquela noite.<br />
- Esses são os <strong>do</strong>is salva<strong>do</strong>res da humanida<strong>de</strong>, Magrí! Venha. Vamos pedir um autógrafo!<br />
- Ah, <strong>do</strong>na Iolanda! Deixa isso pra lá...<br />
Mas a professora já tinha tira<strong>do</strong> uma agenda e uma caneta da bolsa e corria pelo<br />
corre<strong>do</strong>r, em direção aos <strong>do</strong>is cientistas. Magrí pensou que, se os testes da <strong>Droga</strong> <strong>do</strong><br />
Amor no Brasil <strong>de</strong>ssem certo, aqueles <strong>do</strong>is americanos ganhariam o Prêmio Nobel, sem a<br />
menor dúvida. Daí, o autógrafo consegui<strong>do</strong> por <strong>do</strong>na Iolanda valeria uma fortuna...<br />
A professora estendia a agenda e a caneta para o mais velho <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is americanos.<br />
Surpreso, o homem pegou a agenda e rabiscou algo rapidamente, com um sorriso feliz.<br />
Aquele gesto <strong>de</strong>spertou o avião. Outras pessoas aproximaram-se, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> também<br />
papéis e canetas em direção aos cientistas e crian<strong>do</strong> uma pequena confusão.<br />
O americano mais jovem, <strong>de</strong> cabelos negros e lisos, empurrou o companheiro <strong>de</strong> volta à<br />
poltrona da janelinha. Com uma expressão preocupada, sacudiu a mão em direção aos<br />
passageiros.<br />
- Please, no autographs, please...<br />
- O quê? - perguntou uma senhora gorda que, pelo jeito, não falava nada <strong>de</strong> inglês.<br />
- Sem autógrafo, por favor... - traduziu o homem, educadamente.<br />
"Hum... um <strong>de</strong>les fala português!", pensou Magrí.<br />
***<br />
Um instrutor experiente discorria sobre as obrigações que os monitores teriam durante o<br />
acampamento.<br />
-To<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> é pouco, pessoal. Teremos crianças a partir <strong>de</strong> quatro anos e não<br />
queremos nenhum aci<strong>de</strong>nte.