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"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO

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pelúcia. Era o presente mais pessoal que ela po<strong>de</strong>ria ter trazi<strong>do</strong>.<br />

A criança sorriu mais ainda e abraçou-se ao ursinho.<br />

- Você vai ficar bom, meu queridinho! Eu sei que vai! Você tem <strong>de</strong> viver! O amor vai<br />

vencer o ódio, meu amorzinho. Nós vamos vencer a morte!<br />

***<br />

Magrí foi a última a subir para o escon<strong>de</strong>rijo secreto. Os outros quatro Karas já estavam<br />

lá, senta<strong>do</strong>s, em silêncio.<br />

Miguel, que já telefonara para a se<strong>de</strong> <strong>do</strong> tal acampamento, <strong>de</strong>sistin<strong>do</strong> da vaga <strong>de</strong> monitor,<br />

perguntou, com um sorriso:<br />

- Por que vocês inventaram <strong>de</strong> assinar o tal bilhete <strong>de</strong> resgate com aquele "Q.I."? Isso fez<br />

com que eu, Crânio e Calú ficássemos com a certeza <strong>de</strong> que ele era o culpa<strong>do</strong> <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>!<br />

- Naquela hora, eu e Chumbinho também achávamos que o Doutor Q.I. estava por trás <strong>de</strong><br />

tu<strong>do</strong>. Desculpem... A gente errou... Aquela menina, responsável por <strong>de</strong>svendar uma trama<br />

cruel como aquela, admitia que estivera errada. Em apenas um ponto que fosse. Ela era<br />

um Kara.<br />

O silêncio ocupou novamente o forro <strong>do</strong> vestiário. Magrí olhou um por um. Os seus Karas!<br />

Ela havia convoca<strong>do</strong> a reunião. Ela teria <strong>de</strong> começar a falar.<br />

- Eu pensei muito, Karas, <strong>de</strong>pois que Chumbinho me contou que vocês três queriam<br />

dissolver o nosso grupo. Chumbinho não entendia por quê, mas eu entendi...<br />

Ninguém falou. Só Chumbinho olhava para Magrí. Os outros três concentravam-se no pó<br />

que recobria o forro <strong>do</strong> vestiário <strong>do</strong> Colégio Elite.<br />

- Nós chegamos a um beco sem saída, não é? Pois bem, vamos resolver logo isso.<br />

Olhava fixamente para cada um <strong>do</strong>s seus queri<strong>do</strong>s Calú, Crânio e Miguel.<br />

Seu olhar encontrou o <strong>de</strong> Chumbinho. O menino agora era <strong>do</strong>no <strong>de</strong> um segre<strong>do</strong> seu. O<br />

seu maior segre<strong>do</strong>. Mas Magrí sabia que Chumbinho nunca, nunca falaria.<br />

Como era bom, como era gostoso viver gostan<strong>do</strong> daqueles amigos! Apesar da dificulda<strong>de</strong><br />

da situação, apesar <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que tinha <strong>de</strong> dizer, Magrí sentia-se bem, aquecida,<br />

confortável, pela proximida<strong>de</strong> daqueles garotos maravilhosos.<br />

- Pensei muito, queri<strong>do</strong>s, chorei muito pensan<strong>do</strong>. O que seria uma solução final para o<br />

nosso problema? Seria uma escoIha minha? Uma <strong>de</strong>cisão?<br />

A emoção enchia-Ihe os olhos <strong>de</strong> lágrimas. Ninguém movia um músculo e Magrí pediu:<br />

- Olhem para mim, por favor, olhem para mim!<br />

Um a um, aqueles rostos foram se levantan<strong>do</strong>. To<strong>do</strong>s aqueles olhos estavam vermelhos.<br />

To<strong>do</strong>s estavam a ponto <strong>de</strong> chorar também. Magrí leu naqueles olhos um pouco <strong>de</strong><br />

esperança, mas leu também um pouco <strong>de</strong> me<strong>do</strong>.<br />

- Como eu posso escolher, queri<strong>do</strong>s? Eu coloquei na balança <strong>do</strong>s meus pensamentos, <strong>de</strong><br />

um la<strong>do</strong>, a escolha que eu tinha <strong>de</strong> fazer. Do outro, essa incrível amiza<strong>de</strong> que une a<br />

gente. Agora me digam, qual <strong>de</strong> vocês acharia justo ferir os outros <strong>do</strong>is se eu escolhesse<br />

um <strong>de</strong> vocês? Qual <strong>de</strong> vocês, por uma namorada, acharia justo <strong>de</strong>struir o grupo <strong>do</strong>s<br />

Karas?<br />

Nesse momento, as lágrimas já corriam por to<strong>do</strong>s os rostos. Molha<strong>do</strong>s, os rostos <strong>de</strong><br />

Miguel, <strong>de</strong> Calú e <strong>de</strong> Crânio iluminavam-se aos poucos. Eles começavam a enten<strong>de</strong>r.<br />

- Será que o meu amor <strong>de</strong> mulher por um <strong>de</strong> vocês po<strong>de</strong> ser maior <strong>do</strong> que o amor <strong>de</strong> ser<br />

humano que eu tenho por to<strong>do</strong>s vocês? Por você Miguel, por você Chumbinho, por você<br />

Calú, por você, Crânio? O que po<strong>de</strong> haver <strong>de</strong> maior <strong>do</strong> que nós cinco?<br />

A excitação era imensa. Os cinco Karas olhavam-se sem falar, respiran<strong>do</strong> rui<strong>do</strong>samente,<br />

arfan<strong>do</strong>, como se tivessem acaba<strong>do</strong> <strong>de</strong> disputar uma maratona.<br />

Num repente, jogaram-se nos braços uns <strong>do</strong>s outros, soluçan<strong>do</strong> e forman<strong>do</strong> uma<br />

montanha <strong>de</strong> afeto, <strong>de</strong> carinho, <strong>de</strong> paixão! Magrí sentia aqueles corpos espremi<strong>do</strong>s contra<br />

o seu.<br />

De olhinhos fecha<strong>do</strong>s, sabia distinguir o calor <strong>do</strong> seu escolhi<strong>do</strong>. Mas aquela amiza<strong>de</strong> era

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