"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
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Iolanda e pelo falso seqüestro <strong>do</strong> cientista. Já capturamos também o tal sósia, que estava<br />
tentan<strong>do</strong> fugir pelo Paraguai com nome falso...<br />
- E o que houve com o verda<strong>de</strong>iro <strong>do</strong>utor Flanagan?<br />
- Ele não quis colaborar, Miguel. Por isso, foi assassina<strong>do</strong> um dia antes <strong>de</strong> embarcar... Já<br />
<strong>de</strong>scobriram o corpo <strong>de</strong>le no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar, em Tampa Bay, com os pés presos em um<br />
bloco <strong>de</strong> concreto...<br />
- Que horror!<br />
- O FBI está trabalhan<strong>do</strong> nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s para punir os culpa<strong>do</strong>s por essa<br />
barbarida<strong>de</strong>. Mas, quem são esses culpa<strong>do</strong>s? Somente os diretores <strong>de</strong>ssa multinacional?<br />
Mas quem é realmente culpa<strong>do</strong> pelos crimes pratica<strong>do</strong>s por uma gran<strong>de</strong> empresa? Será<br />
que não somos to<strong>do</strong>s culpa<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> colocamos a ânsia pelo lucro à frente das<br />
necessida<strong>de</strong>s das pessoas? A quem po<strong>de</strong>mos responsabilizar realmente pelo crime? Por<br />
to<strong>do</strong>s os crimes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>?<br />
No dia seguinte, quan<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> inteiro ficasse saben<strong>do</strong> que a <strong>Droga</strong> <strong>do</strong> Amor era uma<br />
farsa, a tristeza e a <strong>de</strong>cepção tomariam conta <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. Mas, naquele momento, só<br />
aqueles seis amigos sentiam a <strong>do</strong>r que haveria <strong>de</strong> tomar conta <strong>do</strong> planeta...<br />
Magrí não se conformava:<br />
- Ah, Andra<strong>de</strong>, to<strong>do</strong> esse esforço para nada! Eu não queria só vingar minha professora<br />
baleada. Eu não queria só brincar <strong>de</strong> <strong>de</strong>tetive, <strong>de</strong>scobrin<strong>do</strong> seqüestra<strong>do</strong>res! Eu queria<br />
realmente que to<strong>do</strong> esse trabalho tivesse senti<strong>do</strong>! Eu queria a <strong>Droga</strong> <strong>do</strong> Amor! Para salvar<br />
a vida da criancinha que eu vi no hospital! Eu queria salvar a vida das pessoas<br />
con<strong>de</strong>nadas somente porque confiaram no amor!<br />
Andra<strong>de</strong> também chorava. Abraçou Magrí aperta<strong>do</strong>, beijan<strong>do</strong>-Ihe o rosto várias vezes,<br />
beben<strong>do</strong> as lágrimas daquela pequena heroína.<br />
- Ah, Magrí, o seu trabalho teve o maior senti<strong>do</strong>, minha querida! Você lutou por amor! Por<br />
amor a sua professora, por amor a todas as pessoas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. É isso que faz com que<br />
esse mun<strong>do</strong> valha a pena, querida! São pessoas como você que fazem a gente continuar<br />
em frente, com confiança. A ciência encontrará a verda<strong>de</strong>ira <strong>Droga</strong> <strong>do</strong> Amor, mais dia<br />
menos dia. E o seu amor pela humanida<strong>de</strong> fará parte da fórmula. O seu amor po<strong>de</strong> mudar<br />
o mun<strong>do</strong>, Magrí, minha menina!<br />
Durante longo tempo, os ânimos daqueles seis amigos calaram-se, tentan<strong>do</strong> recuperarse.<br />
E foi a força da amiza<strong>de</strong> que os unia que, pouco a pouco, os acalmou.<br />
Calú quebrou o silêncio:<br />
- Temos <strong>de</strong> confiar! A praga <strong>do</strong> século será vencida! Andra<strong>de</strong> acariciou os cabelos lin<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> Calú.<br />
- A praga <strong>do</strong> nosso século não é uma só, meninos. Nosso século, infelizmente, tem<br />
muitas pragas. A fome, a miséria, a ignorância. . . Mas tu<strong>do</strong> isso é causa<strong>do</strong> pela cobiça,<br />
pela avi<strong>de</strong>z que cria monstros como esses, da Drug Enforcement, ou como o Doutor Q.I.,<br />
para quem a conquista <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r e <strong>do</strong> dinheiro justificam tu<strong>do</strong>. Eu vivo pren<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />
criminosos pobres, ignorantes, que matam uma, duas, três pessoas. Mas jamais consigo<br />
pôr as mãos nesses verda<strong>de</strong>iros criminosos, que matam milhares, que con<strong>de</strong>nam milhões<br />
à fome e à morte sem esperanças. . .<br />
***<br />
Antes <strong>de</strong> ir para o Colégio Elite, Magrí passou pelo hospital on<strong>de</strong> estivera <strong>do</strong>na Iolanda.<br />
Pediu para fazer uma visita à ala <strong>de</strong> isolamento infantil. Subiu para o quinto andar, <strong>de</strong>ssa<br />
vez <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong>r, e entrou no quarto on<strong>de</strong> se escon<strong>de</strong>ra <strong>do</strong>is dias atrás.<br />
Lá estava o berçinho. Lá estava a criança que ela vira a<strong>do</strong>rmecida. Cuidada por uma<br />
enfermeira sorri<strong>de</strong>nte.<br />
- Ele está melhorzinho... - comunicou a enfermeira. O bebê estava senta<strong>do</strong> no berço,<br />
sorrin<strong>do</strong> para Magrí.<br />
A menina aproximou-se, beijou-o ternamente e entregou-lhe o seu queri<strong>do</strong> ursinho <strong>de</strong>