"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ferida, mas <strong>do</strong>pada. Por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> quem a <strong>do</strong>param? O senhor não me disse, lá na sala<br />
da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, no aeroporto, que eu podia ficar tranqüila, que a Drug Enforcement<br />
cuidaria <strong>de</strong> <strong>do</strong>na Iolanda? Pois vocês cuidaram mesmo, não é? Mandaram uma falsa<br />
equipe médica que assumiu o tratamento <strong>de</strong>la e a manteve sob anestésicos sem que<br />
ninguém <strong>do</strong> hospital pu<strong>de</strong>sse entrar no quarto!<br />
- Bullshit! Garanto que... Magrí não o <strong>de</strong>ixou continuar.<br />
- Eu tirei o anestésico <strong>do</strong> braço <strong>de</strong>la e consegui fazê-la voltar a si. E ela ainda pô<strong>de</strong> dizer:<br />
"Ele... ele man<strong>do</strong>u atirar em mim!" Foi o senhor quem man<strong>do</strong>u atirar na minha professora,<br />
<strong>do</strong>utor Morales!<br />
- Nonsense! Por que eu quereria matá-la?<br />
- Por causa <strong>do</strong> autógrafo. O senhor sabia que o sósia que veio no lugar <strong>do</strong> <strong>do</strong>utor<br />
Bartholomew Flanagan, um idiota provavelmente, assinara qualquer coisa na agenda <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>na Iolanda. O senhor man<strong>do</strong>u baleá-la, <strong>do</strong>utor Morales, e man<strong>do</strong>u roubar-Ihe a bolsa<br />
com a agenda, para que ninguém viesse a <strong>de</strong>scobrir que aquela não era a assinatura <strong>do</strong><br />
verda<strong>de</strong>iro <strong>do</strong>utor Flanagan. Felizmente seus capangas confundiram as bolsas e levaram<br />
a minha, no lugar da <strong>de</strong>la!<br />
A intérprete, como uma metralha<strong>do</strong>ra, traduzia tu<strong>do</strong> para Patríck Lockwood. O agente<br />
americano, ao ouvir a tradução, apontou para a menina e perguntou:<br />
- Who's that little woman? Supergirl? Crânio respon<strong>de</strong>u, com orgulho:<br />
- She's our Won<strong>de</strong>rwoman, mister Lockwood!<br />
Iúri Mikhailevich já tinha <strong>de</strong>sisti<strong>do</strong> <strong>de</strong> tentar enten<strong>de</strong>r qualquer coisa.<br />
Hector Morales continuava controla<strong>do</strong>, com um sorriso superior:<br />
- Ora, ora, menina! Mais uma vez só temos a sua palavra. Quem mais ouviu essa<br />
acusação <strong>de</strong> sua professora? Só você? Quem po<strong>de</strong> confirmar essa suposta <strong>de</strong>claração?<br />
Nesse momento, a porta da sala <strong>de</strong> interrogatórios abriu-se num tranco.<br />
- Eu posso! – disse o anão, <strong>de</strong> pé, na soleira da porta. A intérprete <strong>de</strong>u um grito.<br />
Aquela era a aparição mais horrenda daquela noite, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tinham <strong>de</strong>scoberto o plano<br />
antropofágico <strong>do</strong> Doutor Q.I.<br />
Um anão horren<strong>do</strong> mesmo. Sua face <strong>de</strong>formada torcia-se num sorriso que escancarava<br />
lábios grossos e maus.<br />
- O anão! - gritou Crânio. - Foi ele que eu vi! Ele está envolvi<strong>do</strong> nisso até o pescoço!<br />
Prenda esse anão, <strong>de</strong>tetive Andra<strong>de</strong>!<br />
- Deixe <strong>de</strong> besteira, Crânio! Quem falara fora o anão.<br />
Ante a surpresa <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, a feia criatura levou a mão ao pescoço. Cuida<strong>do</strong>samente,<br />
começou a arrancar a pele, a puxar, até que toda a carantonha horrível saiu por cima da<br />
cabeça, levan<strong>do</strong> junto o chapéu e o cabelo enseba<strong>do</strong>!<br />
- Chumbinho! - gritou Andra<strong>de</strong>.<br />
- Eu mesmo! - riu-se o menino, com a cara mais marota <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. - Eu mesmo, Crânio.<br />
Ah, ah! Te enganei, geninho! Eu acompanhei vocês esse tempo to<strong>do</strong>, sem que ninguém<br />
notasse! Está ven<strong>do</strong>, Calú? Aprendi esse truque com você. Gostou da maquilagem?<br />
- Chumbinho, mas... - Andra<strong>de</strong> estava zonzo. - O que está acontecen<strong>do</strong>? Você não tinha<br />
si<strong>do</strong> seqüestra<strong>do</strong>?<br />
Magrí levantou os braços, pedin<strong>do</strong> um pouco <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m na balbúrdia provocada pelo<br />
aparecimento daquele "anão".<br />
- Esperem um pouco! Acho que aprendi com o <strong>do</strong>utor Morales a simular seqüestros.<br />
Desculpe, Miguel. Desculpe, Crânio. Desculpe, Calú. Mas foi a única maneira que eu e<br />
Chumbinho encontramos para fazer vocês três mudarem <strong>de</strong> idéia...<br />
- Mudar <strong>de</strong> idéia? - Andra<strong>de</strong> entendia cada vez menos. Que idéia?<br />
Miguel sorria, surpreso e orgulhoso da iniciativa daqueles <strong>do</strong>is Karas:<br />
- Não ligue, Andra<strong>de</strong>. É uma coisa entre nós. Muito bem, Magrí. Parabéns, Chumbinho.<br />
Vocês fizeram a coisa certa! Chumbinho exultava: