"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
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- Não. Isso eu não sabia. E também não sabia que o senhor, <strong>de</strong>tetive Andra<strong>de</strong>, seria tão<br />
burro a ponto <strong>de</strong> imaginar que eu assinaria um bilhete <strong>de</strong> seqüestro. O senhor me<br />
subestima, <strong>de</strong>tetive Andra<strong>de</strong>. O senhor está acostuma<strong>do</strong> a pren<strong>de</strong>r criminosos<br />
analfabetos e ignorantes e até hoje não pô<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a profundida<strong>de</strong> da minha<br />
mente...<br />
- Ora, seu...<br />
- É <strong>do</strong> meu raciocínio que o senhor precisa? Pois estou às suas or<strong>de</strong>ns. Não gosto <strong>de</strong><br />
criminosos que usam meu nome.<br />
A segurança daquele criminoso era impressionante. Sua personalida<strong>de</strong> era rara,<br />
<strong>do</strong>mina<strong>do</strong>ra.<br />
- Vocês estão farejan<strong>do</strong> a pista errada! - <strong>de</strong>clarou com ironia o Doutor Q.I. - O seqüestro<br />
<strong>de</strong>sse cientista não é coisa planejada aqui. Vocês não percebem? Como eu sei? Eu não<br />
sei. Eu penso.<br />
O olhar <strong>de</strong> Magrí, durante to<strong>do</strong> aquele interrogatório, permanecia meio distante. A menina<br />
pensava. Colocada no fun<strong>do</strong> da sala, fora <strong>do</strong>s olhares <strong>do</strong>s outros, abriu a mochila e,<br />
discretamente, examinou o conteú<strong>do</strong> da bolsa <strong>de</strong> <strong>do</strong>na Iolanda. Fechou-a novamente.<br />
Um silêncio constrangi<strong>do</strong> tomava conta da sala <strong>de</strong> interrogatório.<br />
Quem o rompeu foi Magrí. - Andra<strong>de</strong>, posso falar?<br />
O gor<strong>do</strong> <strong>de</strong>tetive, meio zonzo, sem saber como sobrepor-se à forte personalida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Doutor Q.I., voltou a cabeça para a menina: - Claro, Magrí.<br />
- Peço que o Doutor Q.I. seja dispensa<strong>do</strong>.<br />
- Como?<br />
Por favor, Andra<strong>de</strong>. Confie em mim. Por favor!<br />
***<br />
Depois que o prisioneiro foi leva<strong>do</strong> pelos guardas, Magrí levantou-se:<br />
- O Doutor Q.I. tem razão. Estamos na pista errada. O diretor sorriu, com<br />
con<strong>de</strong>scendência:<br />
- Ora, <strong>de</strong>sculpe, <strong>de</strong>tetive Andra<strong>de</strong>, mas não vamos ficar aqui per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> tempo com<br />
opiniões <strong>de</strong> crianças...<br />
O olhar <strong>de</strong> Magrí fuzilou o diretor, e Andra<strong>de</strong> veio em seu socorro.<br />
- O senhor é que <strong>de</strong>ve me <strong>de</strong>sculpar, diretor, mas eu estou no coman<strong>do</strong> das<br />
investigações <strong>de</strong>ste caso. Peço sua paciência. O senhor já viu <strong>do</strong> que estes meninos são<br />
capazes. Vamos ouvir o que Magrí tem a dizer.<br />
Dessa vez a segurança da personalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Doutor Q.I. estava sen<strong>do</strong> substituída pela<br />
força <strong>de</strong> Magrí. Era <strong>de</strong> impressionar. - Andra<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixe-me ver <strong>de</strong> novo as fotos <strong>do</strong> <strong>do</strong>utor<br />
Bartholomew Flanagan e o resumo <strong>de</strong> sua biografia, por favor. Andra<strong>de</strong> tirou o envelope<br />
<strong>do</strong> bolso.<br />
- Aqui estão, Magrí.<br />
A menina folheou as fotos e passou os olhos pelo conteú<strong>do</strong> da biografia.<br />
- Vou começar com um pedi<strong>do</strong> - disse ela, voltan<strong>do</strong>-se para Patrick Lockwood. - Please,<br />
mister Lockwood, I need your help. Would you call the FBI immediately?<br />
- Of cour.se... but what for?<br />
- Please, ask,for a sample of Doctor Flanagan's signature. Would ynu <strong>do</strong> that? Would you<br />
ask them to send a fax right away with that sample?<br />
- O que ela está dizen<strong>do</strong>? - perguntou Andra<strong>de</strong>.<br />
Antes que a intérprete começasse a traduzir, Magrí interrompeu-a com um gesto.<br />
- Andra<strong>de</strong>, eu pedi ao agente Lockwood uma amostra da assinatura <strong>do</strong> <strong>do</strong>utor<br />
Bartholomew Flanagan que o FBI <strong>de</strong>ve ter. Pedi que mandassem essa amostra por fax<br />
para cá, o mais rápi<strong>do</strong> possível.<br />
Patrick Lockwood olhava em volta, sem saber se cumpria ou não o que pedira a menina.<br />
O <strong>do</strong>utor Hector Morales riu-se.