"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
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tinha consegui<strong>do</strong> alterar a aparência <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s eles. Cores <strong>de</strong> cabelos mudadas, lentes <strong>de</strong><br />
contato coloridas, um bigodinho ralo, uns óculos, um boné, um enchimento aqui e ali, tu<strong>do</strong><br />
isso transformara os Karas em um grupo irreconhecível para quem não fosse íntimo <strong>de</strong><br />
nenhum <strong>de</strong>les.<br />
- Ainda não entendi por que vocês querem se apresentar como parentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>tentos! O<br />
que isso tem a ver com o caso?<br />
- Confie em nós, Andra<strong>de</strong>, por favor. Jovens como a gente dão menos na vista. Se você<br />
levasse policiais disfarça<strong>do</strong>s, para fazer esse serviço, na certa os prisioneiros<br />
<strong>de</strong>sconfiariam.<br />
- Mas que serviço é esse, afinal <strong>de</strong> contas?<br />
- Crânio tem um palpite que as informações que precisamos estão com alguns<br />
prisioneiros - esclareceu Miguel. Precisamos falar com eles não-oficialmente. Precisamos<br />
saber o que eles sabem. Se eles nos aceitarem como parentes distantes, <strong>de</strong> quem eles<br />
não se lembram por que estão na ca<strong>de</strong>ia há anos, talvez a gente <strong>de</strong>scubra alguma coisa.<br />
Confie na gente, Andra<strong>de</strong>.<br />
O <strong>de</strong>tetive calou-se. Realmente nunca tinha havi<strong>do</strong> uma ocasião que ele lembrasse <strong>de</strong> ter<br />
se arrependi<strong>do</strong> <strong>de</strong> confiar naqueles garotos.<br />
***<br />
O diretor da Penitenciária Estadual <strong>de</strong> Segurança Máxima estranhou a visita <strong>do</strong> <strong>de</strong>tetive<br />
Andra<strong>de</strong> acompanha<strong>do</strong> por aqueles quatro a<strong>do</strong>lescentes, pelos três gringos e pela<br />
intérprete, mas nada disse. Ele sentia-se sem jeito por causa da fuga <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s mais<br />
perigosos sentencia<strong>do</strong>s que estavam sob sua custódia. Além disso, a autorida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>tetive, naquele caso, não era para ser discutida.<br />
- What the hell are we <strong>do</strong>ing here, Doctor Morales? perguntava o agente Patrick<br />
Lockwood. - What <strong>do</strong> we intend to find in this pri,son? The suspect has escaped! We must<br />
look,for him somewhere else. We're loosing precious time!<br />
- Don't worry, agent Lockwood - acalmava o <strong>do</strong>utor Morales. - Detective Andra<strong>de</strong> is a.fine<br />
policeman, our consul said. He knows what he's <strong>do</strong>ing. We're here only to watch. Let's<br />
wait and see what he intends to <strong>do</strong>...<br />
- Vhat? Shtó? - perguntava Iúri Mikhailevich para a intérprete. - Shtó on skazal? Me not<br />
un<strong>de</strong>rrrstand...<br />
O que a pobre da intérprete po<strong>de</strong>ria fazer? Ela só falava inglês e português. Po<strong>de</strong>ria<br />
traduzir uma língua para a outra e vice-versa. O que fazer, já que o russo não entendia<br />
nenhuma das duas?<br />
Quan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>tetive Andra<strong>de</strong> quis saber o que conversavam Lockwood e Morales, a<br />
intérprete sentiu-se mais útil:<br />
- O agente Lockwood perguntou o que estamos fazen<strong>do</strong> aqui. E o <strong>do</strong>utor Morales elogiou<br />
o senhor. Disse que o senhor é um ótimo <strong>de</strong>tetive, e que o agente Lockwood po<strong>de</strong><br />
confiar...<br />
Andra<strong>de</strong> estava gostan<strong>do</strong> daquele <strong>do</strong>utor Hector Morales. Pelo jeito, o presi<strong>de</strong>nte da Drug<br />
Enforcement sabia reconhecer o valor <strong>de</strong> um policial como ele.<br />
O diretor da penitenciária repetia com to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>talhes as circunstâncias da fuga <strong>do</strong><br />
Doutor Q.I.:<br />
- Não encontramos nenhuma pista, mesmo. Só o que sabemos é que, na chamada da<br />
manhã, há três dias, o prisioneiro não apareceu. Simplesmente sumiu!<br />
O <strong>de</strong>tetive perguntou:<br />
- Diretor, o senhor me disse que a única maneira <strong>de</strong> um sentencia<strong>do</strong> sair daqui é com um<br />
alvará <strong>de</strong> um juiz, libertan<strong>do</strong>-o ou transferin<strong>do</strong>-o para outro presídio, não é?<br />
- Isso mesmo, <strong>de</strong>tetive Andra<strong>de</strong>. Alguns prisioneiros, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> longo tempo <strong>de</strong> pena,<br />
quan<strong>do</strong> apresentam ótimo comportamento, às vezes conseguem transferência para outra<br />
penitenciária...