"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
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também muito especiais.<br />
Convoca<strong>do</strong> para aquela que seria a última reunião <strong>do</strong>s Karas, Calú caminhou apressa<strong>do</strong><br />
para o vestiário. Suas notas já estavam fechadas muito antes, e quem o encontrasse no<br />
colégio o veria apenas como o diretor teatral <strong>do</strong> grêmio estudantil.<br />
Sumiu no quartinho das vassouras e, ágil como um trapezista, pulou para o alçapão,<br />
<strong>de</strong>saparecen<strong>do</strong> na vastidão <strong>do</strong> forro, protegi<strong>do</strong> <strong>de</strong> todas as vistas e <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os ouvi<strong>do</strong>s.<br />
Crânio e Chumbinho já estavam senta<strong>do</strong>s no forro, esperan<strong>do</strong>. Magrí não viria. Estava<br />
nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, para o Campeonato Mundial <strong>de</strong> Ginástica Olímpica.<br />
Ilumina<strong>do</strong>s apenas pelas poucas telhas <strong>de</strong> vidro, que <strong>de</strong>ixavam entrar um pouco <strong>de</strong> luz<br />
natural no forro, os três sentavam-se como budas, à espera <strong>de</strong> Miguel.<br />
***<br />
O <strong>de</strong>tetive Andra<strong>de</strong> <strong>de</strong>sligou o telefone, sem acreditar no que acabara <strong>de</strong> ouvir.<br />
Seria um <strong>de</strong>sastre para a socieda<strong>de</strong> se qualquer um <strong>do</strong>s prisioneiros, que eram fecha<strong>do</strong>s<br />
a sete chaves na Penitenciária <strong>de</strong> Segurança Máxima, conseguisse fugir. E, <strong>de</strong> todas<br />
aquelas feras humanas, um era o mais perigoso. Porque era o mais inteligente. E o mais<br />
amoral.<br />
Andra<strong>de</strong> sabia. Tinha prendi<strong>do</strong> aquele monstro inteligente, educa<strong>do</strong>, culto, frio como uma<br />
navalha. Alguém para quem o crime era a razão <strong>de</strong> sua vida. Alguém que jamais tivera<br />
razões sociais, <strong>de</strong> pobreza ou ignorância, para escolher o crime. Aquele homem nascera<br />
com o crime no sangue. Ele era o mal.<br />
Sua ação <strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>ra pretendia apenas o po<strong>de</strong>r. Consi<strong>de</strong>rava lícito usar jovens como<br />
cobaias, seqüestrar e assassinar, no seu sonho louco <strong>de</strong> controlar as vonta<strong>de</strong>s. O<br />
<strong>de</strong>tetive, com a ajuda <strong>do</strong>s seus queri<strong>do</strong>s meninos, conseguira prendê-lo, pon<strong>do</strong> fim ao<br />
rumoroso caso da <strong>Droga</strong> da Obediência.<br />
E, agora, o Doutor Q.I. <strong>de</strong>saparecera da Penitenciária <strong>de</strong> Segurança Máxima!<br />
Ninguém estaria seguro com aquele homem à solta.<br />
E os seus meninos? Sim, porque Andra<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rava Magrí, Chumbinho, Miguel, Calú e<br />
Crânio como os seus meninos. Aquele monstro haveria <strong>de</strong> querer vingar-se, pois eles<br />
tinham si<strong>do</strong> os verda<strong>de</strong>iros responsáveis pelo fim <strong>de</strong> sua carreira <strong>de</strong> crimes.<br />
O Doutor Q.I.! Maldito! Em liberda<strong>de</strong>, aquele criminoso nunca <strong>de</strong>scansaria até vingar-se<br />
<strong>do</strong>s meninos!<br />
Não! Isso ele jamais permitiria. Os seus meninos nem ficariam saben<strong>do</strong> da fuga <strong>do</strong> Doutor<br />
Q.I. Andra<strong>de</strong> o pren<strong>de</strong>ria <strong>de</strong> novo, antes mesmo que a imprensa <strong>de</strong>scobrisse aquele<br />
<strong>de</strong>sastre. Não importava o que custasse.<br />
- Eu juro! Eu vou pegar esse canalha <strong>de</strong> novo! - falava sozinho, enxugan<strong>do</strong> o suor da<br />
careca com o lenço. - Meus meninos não po<strong>de</strong>m correr perigo!<br />
4. O FIM DOS KARAS<br />
Enquanto estacionava a bicicleta em frente à se<strong>de</strong> da empresa que organizava<br />
acampamentos <strong>de</strong> férias, o ex-lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s Karas repassava a última reunião secreta com<br />
seus companheiros.<br />
E toda a <strong>do</strong>r daquele momento voltou a apunhalar-lhe o peito.<br />
***<br />
Irrequieto como sempre, com carinha alegre, excita<strong>do</strong>, Chumbinho antevia mais uma ação<br />
perigosa, mas divertidíssima:<br />
- Ei, Karas, o que será que Miguel quer, hein? Por que essa reunião <strong>de</strong> emergência<br />
máxima?<br />
- Não sei, Chumbinho.<br />
- Uma emergência máxima sem a Magrí? Logo agora que ela está nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s!<br />
- É melhor esperar - encerrou Crânio. - Já vamos saber. Pelo alçapão, Miguel surgiu