"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
- Um momento.<br />
Sua mão <strong>de</strong>sapareceu sob o balcão. Devia ter aciona<strong>do</strong> uma campainha ou algo assim,<br />
pois logo apareceu um homem sorri<strong>de</strong>nte, to<strong>do</strong> <strong>de</strong> branco, estetoscópio pendura<strong>do</strong> no<br />
pescoço.<br />
- Pois não?<br />
- Esta mocinha quer saber notícias da paciente baleada que está na UTI - informou a<br />
recepcionista, <strong>de</strong> maus mo<strong>do</strong>s.<br />
O médico sorriu:<br />
- Sim? A senhorita é filha da paciente?<br />
- Não. Sou aluna <strong>de</strong>la. Ela é minha amiga...<br />
O médico aproximou-se <strong>de</strong> Magrí, afavelmente. No entanto, sua expressão era séria.<br />
- Olhe, mocinha, sua professora foi baleada seriamente. Ela se encontra em coma<br />
profun<strong>do</strong>. Mas ela está sob os cuida<strong>do</strong>s da melhor equipe médica. Estamos fazen<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
tu<strong>do</strong>. Talvez, em vinte e quatro horas, ela comece a reagir. Confie em nós.<br />
No táxi, <strong>de</strong> volta para casa, Magrí <strong>de</strong>ixou-se chorar. Por <strong>do</strong>na Iolanda, por Chumbinho,<br />
pelo amor <strong>do</strong>s Karas, por to<strong>do</strong>s os sofrimentos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>...<br />
***<br />
O jardim da casa <strong>de</strong> Magrí estava escuro. Árvores altas sacudiam <strong>do</strong>cemente os ramos<br />
sob a brisa da noite <strong>de</strong> verão.<br />
Nas sombras, um vulto. Um vulto pequeno, recurva<strong>do</strong>. Como um felino noturno, o vulto<br />
arrastou-se cuida<strong>do</strong>samente na direção da janela iluminada.<br />
Dentro <strong>do</strong> retângulo <strong>de</strong> luz que vinha da janela aberta, Magrí entrava no quarto e jogavase<br />
na cama, sem apagar a luz. Pelo jeito, ainda chorava.<br />
Apoian<strong>do</strong> suas pequenas mãos <strong>de</strong>formadas no parapeito da janela, o vulto ergueu a<br />
cabeça.<br />
Os olhos argutos <strong>do</strong> anão invadiram o quarto.<br />
13. COITADINHA QUASE UMA CRIANÇA<br />
As cores da manhã ainda procuravam firmar-se. No Parque <strong>do</strong> Ibirapuera, a temperatura<br />
estava uma <strong>de</strong>lícia.<br />
Sob uma árvore, meio aglomeradas em um banco, cinco pessoas conversavam, alheias<br />
aos praticantes madruga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Cooper que <strong>de</strong> vez em quan<strong>do</strong> passavam bufan<strong>do</strong>.<br />
Andra<strong>de</strong> sentia-se incomoda<strong>do</strong>, informan<strong>do</strong> àqueles quatro a<strong>do</strong>lescentes uma série <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>talhes <strong>do</strong> inquérito que <strong>de</strong>veria permanecer em sigilo. Mas, como resistir aos seus<br />
meninos? E o <strong>de</strong>tetive sabia que eles eram realmente especiais e que corriam perigo <strong>de</strong><br />
vida com o Doutor Q.I. à solta. Como não preveni-los?<br />
Tirou <strong>do</strong> bolso o envelope que recebera <strong>do</strong> agente Patrick Lockwood. Magrí abriu-o e<br />
folheou as fotos.<br />
- É... é esse homem mesmo. Era ele que estava junto com o <strong>do</strong>utor Morales, no avião. Foi<br />
ele que os bandi<strong>do</strong>s levaram à força, no saguão <strong>do</strong> aeroporto.<br />
- O cria<strong>do</strong>r da <strong>Droga</strong> <strong>do</strong> Amor! – admirou-se Calú.<br />
Os Karas já tinham extraí<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> o que o <strong>de</strong>tetive sabia. Tu<strong>do</strong> o que relatara o diretor da<br />
Penitenciária <strong>de</strong> Segurança Máxima, tu<strong>do</strong> o que informara o <strong>do</strong>utor Hector Morales e o<br />
nada que os investiga<strong>do</strong>res sob o coman<strong>do</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> tinham consegui<strong>do</strong> no dia<br />
anterior.<br />
- É preciso agora encontrar um ponto <strong>de</strong> partida - começou Crânio. - Vamos pensar <strong>de</strong><br />
novo em tu<strong>do</strong> e procurar a linha lógica. Ontem, no rádio, eu ouvi um comentarista que era<br />
menos idiota <strong>do</strong> que a média. Ele apontou uma série <strong>de</strong> perguntas sem respostas. Em<br />
primeiro lugar, por que o seqüestro <strong>de</strong> Chumbinho? O que Chumbinho teria a ver com o<br />
<strong>do</strong>utor Bartholomew Flanagan? O que Chumbinho teria a ver com a <strong>Droga</strong> <strong>do</strong> Amor?<br />
Magrí levantou os braços, critican<strong>do</strong> o amigo: