"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>do</strong> envolvimento <strong>de</strong>le é a assinatura "Q.I." no bilhete que foi <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> seqüestro<br />
<strong>do</strong> menino! Magrí estava nervosa:<br />
- Ah, essa assinatura não tem nada a ver!<br />
- É claro que tem a ver, menina! - discor<strong>do</strong>u o <strong>do</strong>utor Morales. - Apertem o homem. Ele<br />
vai confessar!<br />
Andra<strong>de</strong>, às voltas com seus sanduíches, balançou a cabeça: - Talvez, <strong>do</strong>utor Morales,<br />
mas eu não confiaria tanto numa confissão. Esse homem não falará nada. Por enquanto,<br />
só sabemos que ele tentou fugir. Não temos nenhum indício que o ligue com o caso da<br />
<strong>Droga</strong> <strong>do</strong> Amor, além da assinatura no bilhete. Mas isso é muito pouco. Precisamos <strong>de</strong><br />
provas mais concretas...<br />
Depois que a intérprete, <strong>de</strong> boca cheia, traduziu o que estava sen<strong>do</strong> dito, Patrick<br />
Lockwood <strong>de</strong>u seu palpite, sorrin<strong>do</strong>, e a mulher traduziu <strong>de</strong> volta:<br />
- O agente diz que vocês, policiais brasileiros, <strong>de</strong>monstraram gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>dução. Ele diz que agora é só continuar na mesma linha <strong>de</strong> raciocínio.<br />
Hector Morales aproveitou a pergunta <strong>do</strong> agente e acrescentou a sua:<br />
- Por falar nisso, como é que vocês <strong>de</strong>scobriram que esse Doutor Q.I. estava preparan<strong>do</strong><br />
um esquema <strong>de</strong> fuga tão original? Andra<strong>de</strong> apontou Crânio com a cabeça.<br />
- Foi uma idéia <strong>de</strong>ste garoto aqui...<br />
Os olhares voltaram-se to<strong>do</strong>s para Crânio, menos o <strong>do</strong> russo, que não estava enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />
nada. O rapaz explicou:<br />
- Bem, a pista principal era justamente a falta <strong>de</strong> indícios que <strong>de</strong>monstrassem como o<br />
Doutor Q.I. tinha consegui<strong>do</strong> fugir. Ele havia <strong>de</strong>sapareci<strong>do</strong> simplesmente porque não<br />
estava mais entre os <strong>de</strong>tentos, mas nada havia que caracterizasse uma fuga. Ora, nem<br />
mesmo ele, com as suas manhas, conseguiria evaporar como água. E eu me coloquei no<br />
lugar <strong>de</strong>le. Se eu quisesse sair daqui, naturalmente tentaria a única maneira possível:<br />
conseguir ser transferi<strong>do</strong> para uma penitenciária menos fechada, <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, aí sim, eu<br />
po<strong>de</strong>ria tentar escapar com mais chances <strong>de</strong> sucesso.<br />
- Mas essa transferência ainda po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>morar uns vinte anos para um criminoso como o<br />
Doutor Q.I., mesmo que ele se comportasse como um anjinho... - observou Andra<strong>de</strong>.<br />
- É verda<strong>de</strong>. Como então apressar a transferência? É claro que só toman<strong>do</strong> o lugar <strong>de</strong><br />
algum outro <strong>de</strong>tento que estivesse para sair!<br />
Andra<strong>de</strong> não escondia o orgulho pelo raciocínio <strong>de</strong> Crânio, um <strong>do</strong>s seus garotos.<br />
- Só mesmo a cabeça <strong>do</strong> Doutor Q.I. para imaginar uma coisa <strong>de</strong>ssas!<br />
Hector Morales brincou:<br />
- Como só a cabeça <strong>do</strong> Doutor Q.I.? E este rapaz? Não pensou exatamente a mesma<br />
coisa?<br />
Andra<strong>de</strong> acariciou os cabelos <strong>de</strong> Crânio:<br />
- Ah, meu queri<strong>do</strong> menino! Ainda bem que você está <strong>do</strong> meu la<strong>do</strong>!<br />
Crânio não estranhou quan<strong>do</strong> Andra<strong>de</strong> <strong>de</strong>u-lhe um beijo estala<strong>do</strong> na bochecha. Só não<br />
gostou muito porque o beijo estava sujo <strong>de</strong> mostarda...<br />
Iúri Mikhailevich a<strong>do</strong>rou aquela história <strong>de</strong> beijo, porque beijo é coisa <strong>de</strong> russo:<br />
- Potselúi! Potselúi! Meh russkie otchen liubin tselavátsa! We russian like kisses vééérry<br />
much!<br />
E pespegou o maior beijo no rosto surpreso <strong>de</strong> Patrick Lockwood.<br />
***<br />
Um guarda veio chamá-los no refeitório. O diretor queria falar com eles.<br />
Quan<strong>do</strong> aquele grupo <strong>de</strong> nove pessoas entrou na sala, o diretor estava senta<strong>do</strong> atrás <strong>de</strong><br />
sua ampla mesa, com uma expressão horrorizada. Parecia ter acaba<strong>do</strong> <strong>de</strong> ver um filme<br />
<strong>do</strong> Drácula.<br />
- Sentem-se, por favor. Obriga<strong>do</strong>, <strong>de</strong>tetive Andra<strong>de</strong>, por ter nos ajuda<strong>do</strong> a resolver esse<br />
problema.