"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
- Emergência máxima. Em meia hora, Kara. A segurança <strong>do</strong> ex-lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s Karas abalou-se.<br />
- Ma-Magrí! Você está ligan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s?<br />
- Não. Estou <strong>de</strong> volta.<br />
- Mas o que houve? O Campeonato <strong>de</strong> Ginástica Olímpica ainda não...<br />
- Não temos tempo para explicações, Miguel. Emergência máxima.<br />
Aquela voz, aquela convocação... Miguel esforçou-se para recuperar o controle. Chegara<br />
ao momento mais difícil <strong>de</strong> sua encenação. Era preciso manter-se firme:<br />
- Escute, Magrí, <strong>de</strong>sculpe. Não sei se você já falou com Chumbinho, mas eu estou fora<br />
diss...<br />
- Cale-se. Chumbinho foi seqüestra<strong>do</strong>.<br />
- Estou in<strong>do</strong>.<br />
***<br />
Magrí tinha si<strong>do</strong> a primeira a chegar. Com diferença <strong>de</strong> minutos, um a um, os outros três<br />
Karas surgiram pelo alçapão <strong>do</strong> vestiário <strong>do</strong> Colégio Elite.<br />
Miguel fechou a rodinha formada pelos amigos ajoelha<strong>do</strong>s no forro.<br />
O sol, <strong>de</strong>scen<strong>do</strong> no horizonte, jogava seus raios horizontalmente através das poucas<br />
telhas <strong>de</strong> vidro e já não os iluminava. No escuro, Miguel falou, com segurança:<br />
- Não temos tempo a per<strong>de</strong>r. Magrí, diga tu<strong>do</strong> o que sabe. Magrí sentiu que aquele rapaz<br />
era novamente o comandante <strong>do</strong>s Karas.<br />
***<br />
Uma sombra disforme e torta galgava silenciosamente o telha<strong>do</strong> <strong>do</strong> vestiário <strong>do</strong> Colégio<br />
Elite.<br />
Arrastou-se sem ruí<strong>do</strong> até bem perto das telhas <strong>de</strong> vidro e tirou <strong>do</strong> bolso um estetoscópio.<br />
Com as hastes nos ouvi<strong>do</strong>s, colou o estetoscópio na fresta <strong>de</strong> duas telhas.<br />
Enquanto o anão ouvia, seus lábios contorciam-se em um sorriso torto.<br />
***<br />
Magrí usava sua incrível capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> síntese. Sem omitir nenhum <strong>de</strong>talhe, narrou to<strong>do</strong>s<br />
os lances <strong>de</strong> sua chegada ao aeroporto, <strong>do</strong> seqüestro <strong>do</strong> <strong>do</strong>utor Bartholomew Flanagan,<br />
<strong>do</strong> tiro que atingira <strong>do</strong>na Iolanda, das conversas entre Andra<strong>de</strong> e o <strong>do</strong>utor Hector Morales,<br />
da fuga <strong>do</strong> Doutor Q.I. da penitenciária e, por fim, <strong>do</strong> misterioso seqüestro <strong>de</strong> Chumbinho<br />
e <strong>do</strong> bilhete encontra<strong>do</strong> ao la<strong>do</strong> da bicicleta <strong>do</strong> menino.<br />
- Por que o Doutor Q.I. assinaria o bilhete?<br />
- Acho que é uma forma direta <strong>de</strong> nos ameaçar, Crânio - raciocinou Magrí. - Ele quer que<br />
nós saibamos <strong>de</strong> sua fuga. Que ele está atrás <strong>de</strong> nós...<br />
- E um <strong>do</strong>s Karas já está em po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>le. . . - concluiu Calú, com um tom <strong>de</strong>sola<strong>do</strong> na voz.<br />
Uma imensa pausa silenciou os quatro Karas.<br />
O <strong>de</strong>safio era <strong>de</strong> arrasar. Nenhum <strong>de</strong>les ousava falar, mas cada um pensava que, se o<br />
Doutor Q.I. achava Chumbinho uma testemunha importante, não seria um resgate que ele<br />
pediria. Cada um <strong>de</strong>les procurava afastar <strong>do</strong> pensamento a <strong>do</strong>lorosa idéia <strong>de</strong> que o<br />
caçula <strong>do</strong>s Karas, àquela hora, já podia estar morto...<br />
Miguel levantou a cabeça:<br />
- Vamos agir. Nem a vida <strong>de</strong> Chumbinho nem a nossa valem nada enquanto o Doutor Q.I.<br />
estiver fora da ca<strong>de</strong>ia. Precisamos <strong>do</strong> Andra<strong>de</strong>. Ele tem <strong>de</strong> nos ajudar.<br />
- Andra<strong>de</strong>? - riu-se Calú. - Ora, ele parece um pai! Ou uma mãe... Vive dizen<strong>do</strong> que a<br />
gente não <strong>de</strong>ve correr riscos, que tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ficar somente a seu cargo...<br />
Miguel cortou:<br />
- Ele vai ter <strong>de</strong> mudar <strong>de</strong> idéia. Ligue para ele, Magrí. Diga que tem uma informação<br />
importante que só po<strong>de</strong> ser passada para ele, sem testemunhas. No Parque <strong>do</strong><br />
Ibirapuera, na primeira hora da manhã!<br />
Ali estava <strong>de</strong> novo o lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s Karas.<br />
Levantaram-se, prontos para sair <strong>do</strong> escon<strong>de</strong>rijo secreto, e hesitaram por um momento,