"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
- Às or<strong>de</strong>ns, diretor...<br />
- Depois que o Doutor Q.I. foi <strong>de</strong>smascara<strong>do</strong>, os outros presos resolveram falar e não foi<br />
difícil levantar a história toda...<br />
- Ele se fez passar por um <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tentos que iam ser transferi<strong>do</strong>s, não é? - adiantou o<br />
<strong>do</strong>utor Hector Morales. - Mas como conseguiu isso? É uma loucura! Parece impossível...<br />
- Para qualquer sentencia<strong>do</strong>, talvez, mas não para o Doutor Q.I. Ele é o prisioneiro mais<br />
inteligente que eu jamais conheci. Se conseguisse ser transferi<strong>do</strong> para uma prisão com<br />
menor segurança, seus contatos externos tornariam muito mais fácil sua fuga.<br />
Principalmente se fugisse fazen<strong>do</strong>-se passar pelo velho e não com sua própria<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>...<br />
- Tem razão. Em outra prisão qualquer, ele acabaria arranjan<strong>do</strong> um meio <strong>de</strong> escapar -<br />
concor<strong>do</strong>u Andra<strong>de</strong>.<br />
- Com isso em mente, o Doutor Q.I. elaborou um plano ousadíssimo. Os prisioneiros<br />
acabaram <strong>de</strong> contar que ele <strong>de</strong>cidiu tomar o lugar <strong>do</strong> velho e fez um regime brutal, até<br />
tornar-se tão magro como ele. Aos poucos, estudan<strong>do</strong> o velho, apren<strong>de</strong>u a andar como<br />
ele, a falar como ele, a ser o velho. Fabricou com plástico uma máscara perfeitamente<br />
adaptável ao rosto e uma cabeleira. E o Doutor Q.I. transformou-se em uma cópia <strong>do</strong><br />
velho...<br />
Andra<strong>de</strong> ainda estava comen<strong>do</strong> um sanduíche que trouxera <strong>do</strong> refeitório. Interrompeu a<br />
refeição e a fala <strong>do</strong> diretor:<br />
- Espere aí, diretor. Mas esse plano tem uma falha. Vocês pensaram que ele tinha fugi<strong>do</strong><br />
porque faltava um prisioneiro na hora da chamada. Como isso aconteceu? O Doutor Q.I.<br />
tomou o lugar <strong>do</strong> velho, mas o número <strong>de</strong> prisioneiros continuou o mesmo. E o velho?<br />
On<strong>de</strong> está o velho?<br />
A expressão <strong>de</strong> horror <strong>do</strong> diretor aumentava: - O Doutor Q.I. assassinou o velho...<br />
Andra<strong>de</strong> fixava-se na falha que tinha <strong>de</strong>scoberto.<br />
- Ah! Mas como ele conseguiu fazer sumir o cadáver <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma penitenciária como<br />
esta?<br />
Ao horror da expressão <strong>do</strong> diretor acrescentou-se o nojo: - O maldito man<strong>do</strong>u esquartejálo<br />
e...<br />
- E. . . ? O que ele fez com os pedaços?<br />
- Ele subornou os <strong>de</strong>tentos que trabalham na cozinha <strong>do</strong>s prisioneiros! Eles misturaram os<br />
pedaços na carne moída!!<br />
O sanduíche voou das mãos <strong>do</strong> <strong>de</strong>tetive Andra<strong>de</strong>.<br />
Tapan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sesperadamente a boca com as mãos, o pobre <strong>de</strong>tetive correu para o<br />
banheiro da diretoria da Penitenciária <strong>de</strong> Segurança Máxima.<br />
***<br />
O diretor, preocupadíssimo, falava através da porta <strong>do</strong> banheiro:<br />
- Detetive Andra<strong>de</strong>! Não se assuste! O senhor só comeu sanduíches <strong>de</strong> ovo frito, com<br />
presunto, queijo e alface! Os meninos e os outros também. Não se preocupe, <strong>de</strong>tetive!<br />
20. A VEZ DE MAGRÏ<br />
Senta<strong>do</strong> no sofá da diretoria da penitenciária, enxugan<strong>do</strong> a boca com o lenço, o <strong>de</strong>tetive<br />
Andra<strong>de</strong> estava páli<strong>do</strong>. O susto fora <strong>de</strong> amargar!<br />
A intérprete, <strong>de</strong> olhos vermelhos, tinha se acalma<strong>do</strong> um pouco, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tomar água com<br />
açúcar.<br />
O agente Patrick Lockwood, enquanto Hector Morales traduzia para ele a causa <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o<br />
tumulto, balançava a cabeça e repetia:<br />
- My God! My God! It's awfull...<br />
Somente o russo não parecia choca<strong>do</strong>. Só tinha entendi<strong>do</strong> um pouquinho daquela história<br />
toda. E esse pouquinho não era suficiente para que ele enten<strong>de</strong>sse por que to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>