"A Droga do Amor" de Pedro Bandeira - IFTO
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O diretor mexeu-se na ca<strong>de</strong>ira, ofendi<strong>do</strong>:<br />
- Detetive Andra<strong>de</strong>, eu lhe garanto que o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> sair da penitenciária que eu dirijo é<br />
pela porta da frente, com um alvará <strong>de</strong> soltura. Só que nenhum <strong>do</strong>s sentencia<strong>do</strong>s que<br />
estão lá po<strong>de</strong>rá ser solto antes <strong>de</strong> cinqüenta anos. Assim, a única maneira <strong>de</strong> sair da<br />
Penitenciária <strong>de</strong> Segurança Máxima é através <strong>de</strong> um alvará <strong>de</strong> transferência para outro<br />
presídio. Não conheço outro mo<strong>do</strong>!<br />
Andra<strong>de</strong> levantou-se e caminhou pela sala, praguejan<strong>do</strong>:<br />
- Diabo! O jeito vai ser interrogar to<strong>do</strong>s os guardas, to<strong>do</strong>s os prisioneiros...<br />
- Meus guardas e carcereiros estão às suas or<strong>de</strong>ns, <strong>de</strong>tetive - ofereceu o diretor. - Mas<br />
duvi<strong>do</strong> que os prisioneiros informem qualquer coisa ao senhor. Lá <strong>de</strong>ntro estão as<br />
maiores feras <strong>do</strong> nosso Esta<strong>do</strong>. Se somarmos todas as penas que cada um <strong>de</strong>les tem a<br />
cumprir, vai dar mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z vezes toda a Era Cristã...<br />
- Precisamos <strong>de</strong>scobrir como o Doutor Q.I. fugiu - insistia Andra<strong>de</strong>. - Precisamos <strong>de</strong><br />
pistas! Precisamos pelo menos <strong>de</strong> uma ponta da meada, para que eu possa começar a<br />
puxar...<br />
A conversa emperrou mais um pouco, até que a intérprete traduzisse o que estava sen<strong>do</strong><br />
dito e até que o russo enten<strong>de</strong>sse pelo menos por alto.<br />
- Shtó? Vhat? Shtó on skazal?<br />
***<br />
A porta se abriu e Andra<strong>de</strong> olhou ansiosamente. Na certa eram os sanduíches...<br />
Não eram. Era um outro guarda.<br />
- Telefone para o senhor, <strong>de</strong>tetive Andra<strong>de</strong>.<br />
- Eu já não disse que não po<strong>de</strong>mos ser interrompi<strong>do</strong>s?<br />
- Desculpe, <strong>de</strong>tetive... Ela disse que é sua sobrinha. E que é urgente... Na linha <strong>do</strong>is...<br />
"Magrí, só po<strong>de</strong> ser Magrí!", pensou Andra<strong>de</strong>, pedin<strong>do</strong> licença para aten<strong>de</strong>r na outra sala.<br />
Não queria falar com Magrí na frente daquelas pessoas.<br />
Pegou o fone e apertou a tecla da linha <strong>do</strong>is. Era Magrí.<br />
- O que você quer, minha querida? Estou numa reunião muito importante e...<br />
- Andra<strong>de</strong>, precisamos falar com você!<br />
- É sobre o Chumbinho? É claro que é sobre o Chumbinho! Não se preocupe, minha<br />
querida, estamos toman<strong>do</strong> todas as providências e...<br />
O <strong>de</strong>tetive argumentou <strong>de</strong> todas as maneiras, mas era impossível vencer a teimosia e a<br />
argumentação <strong>de</strong> Magrí. Principalmente a teimosia.<br />
Acabou concordan<strong>do</strong>. Na manhã seguinte, cedinho, no Parque <strong>do</strong> Ibirapuera. Ele estaria<br />
lá.<br />
"Ah, esses meninos!", pensava ele, ao <strong>de</strong>sligar.<br />
***<br />
Quan<strong>do</strong> voltou para a sala, os sanduíches e algumas garrafas <strong>de</strong> refrigerante já estavam<br />
sobre a mesa.<br />
O calor e a fome eram gran<strong>de</strong>s, e to<strong>do</strong>s interromperam a reunião com prazer.<br />
Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>vorar seus três sanduíches, no mesmo tempo que Hector Morales levou para<br />
comer apenas um, Andra<strong>de</strong> perguntou:<br />
- E o <strong>do</strong>utor Bartholomew Flanagan? Como é ele, <strong>do</strong>utor Morales? Quan<strong>do</strong> os<br />
seqüestra<strong>do</strong>res telefonarem novamente, vamos pedir uma prova <strong>de</strong> que o cientista ainda<br />
está vivo. Para isso, preciso saber <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes da vida e da personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le, para que<br />
a gente possa criar algumas perguntas que só ele possa respon<strong>de</strong>r...<br />
- O <strong>do</strong>utor Bartholomew Flanagan? - começou Morales. - Oh, eu o conheço muito bem!<br />
Ele...<br />
A senhora magrinha acabava <strong>de</strong> traduzir para os agentes <strong>do</strong> FBI o que Andra<strong>de</strong> e<br />
Morales conversavam quan<strong>do</strong> o agente Patrick Lockwood levantou seu corpanzil e veio<br />
<strong>de</strong> lá com um envelope na mão: