boletim tr/es 2012-110 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012-110 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012-110 - Justiça Federal
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Boaventura João Andrade<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
6 - 0001748-39.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001748-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x HILDA ANTONIA DA SILVA (ADVOGADO: SERGIO DE LIMA FREITAS<br />
JUNIOR.).<br />
Proc<strong>es</strong>so n.º 0001748-39.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro<br />
Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
Recorrida : HILDA ANTONIA DA SILVA<br />
Relator : Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />
E M E N T A<br />
RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIME<br />
DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO<br />
CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />
Trata-se de recurso inominado com pedido de efeito suspensivo interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de<br />
sentença que julgou procedente a pretensão de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais,<br />
sustenta o recorrente que os documentos apr<strong>es</strong>entados não são aptos a comprovar o exercício de atividade rural. Alega<br />
que a recorrida recebeu benefício por invalidez, devendo o período corr<strong>es</strong>pondente ser excluído do cômputo da carência, a<br />
qual não r<strong>es</strong>tou preenchida na hipót<strong>es</strong>e. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente<br />
o pedido deduzido na inicial. Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />
Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o <strong>tr</strong>abalhador rural<br />
preencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade<br />
rural, ainda que d<strong>es</strong>contínua, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício<br />
pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência <strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei<br />
nº 8.213/1991.<br />
A perda da qualidade de segurado não impede a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº<br />
8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos nec<strong>es</strong>sários ao deferimento do benefício.<br />
Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais<br />
Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus próprios<br />
fundamentos, den<strong>tr</strong>e os quais releva regis<strong>tr</strong>ar ipsis litteris:<br />
“A parte autora nasceu em 10/06/1929 (fl. 21), <strong>es</strong>tando atualmente com 81 (oitenta e um) anos de idade. Requereu o<br />
benefício de aposentadoria por idade em 30/12/2002 (fl. 63), tendo sido o m<strong>es</strong>mo indeferido sob a alegação de que não foi<br />
comprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período nec<strong>es</strong>sário ao preenchimento da carência exigida<br />
à conc<strong>es</strong>são do benefício.<br />
Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguint<strong>es</strong><br />
documentos:<br />
a) Certidão de casamento da parte autora, constando a profissão de seu <strong>es</strong>poso como lavrador (fl.22);<br />
b) Documentos emitidos pelo Sindicato dos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> rurais de São José do Calçado, constando a profissão do marido<br />
da parte autora como lavrador (fls.23/25);<br />
c) Declaração de exercício de atividade rural, emitido pelo Sindicato dos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> rurais de São José de Calçado em<br />
19/12/2002, constando a profissão da parte autora como lavradora (fl.27);<br />
d) Declaraçõ<strong>es</strong> emitidas em 09 e 15 de dezembro de 2002 pela Sra. Leyda de Carvalho Pimentel, afirmando que a parte<br />
autora é <strong>tr</strong>abalhadora rural e exerceu atividade rural como meeira sem con<strong>tr</strong>ato em sua propriedade, no período de Março<br />
de 1978 a Dezembro de 2002 (fls. 28/29);<br />
e) Con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola emitido em 02/05/2001, <strong>es</strong>tando a parte autora na condição de parceiro outorgado (fl. 35);<br />
f) Certidõ<strong>es</strong> de casamento dos filhos da parte autora, constando a profissão de <strong>tr</strong>abalhador rural dos filhos e de seus<br />
r<strong>es</strong>pectivos cônjug<strong>es</strong> (fls. 42/49);<br />
Além disso, o início de prova material acima <strong>es</strong>pecificada foi corroborado pela prova t<strong>es</strong>temunhal colhida na audiência,<br />
conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das t<strong>es</strong>temunhas foram coerent<strong>es</strong> e co<strong>es</strong>os com as alegaçõ<strong>es</strong> da parte Autora.<br />
Em seu depoimento p<strong>es</strong>soal, a parte Autora afirmou que <strong>tr</strong>abalhou na Fazenda Paraíso, município de São José do<br />
Calçado/ES, há muitos anos. Ficou muitos anos <strong>tr</strong>abalhando lá, na propriedade de José Maria Boleli. Afirma que cultivava<br />
café, e plantava um pouco de milho e feijão, como meeira. Trabalhava com os filhos e o marido. Em seguida, <strong>tr</strong>abalhou na<br />
Fazenda Capoeirão, propriedade de Lair Borg<strong>es</strong> (atualmente já falecido), que ficava próximo à Fazenda Paraíso, como<br />
diarista, onde ficou por uns <strong>tr</strong>ês anos. Acredita que saiu da Fazenda Paraíso há uns <strong>tr</strong>inta anos. Relata que quando foi para<br />
a Fazenda Capoeirão, os filhos já <strong>es</strong>tavam criados. Quando saiu da Fazenda Capoeirão, parou de <strong>tr</strong>abalhar, isto ocorreu há