boletim tr/es 2012-110 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012-110 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012-110 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
3 - 0000702-09.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000702-1/01) DAGLORIA SILVA MOREIRA (ADVOGADO: JARDEL<br />
CIPRIANO RAMOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).<br />
Proc<strong>es</strong>so n.º 0000702-09.2009.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF Linhar<strong>es</strong><br />
Recorrente : DAGLORIA SILVA MOREIRA<br />
Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
Relator : Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />
E M E N T A<br />
RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIME<br />
DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS. SENTENÇA MANTIDA.<br />
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />
Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente<br />
a pretensão de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a<br />
con<strong>tr</strong>atação de mão de obra não enseja a d<strong>es</strong>caracterização do regime de economia familiar. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja<br />
conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, pugna pela anulação<br />
da sentença. As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 112-113.<br />
Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o <strong>tr</strong>abalhador rural<br />
preencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade<br />
rural, ainda que d<strong>es</strong>contínua, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício<br />
pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência <strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei<br />
nº 8.213/1991.<br />
A perda da qualidade de segurado não impede a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº<br />
8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos nec<strong>es</strong>sários ao deferimento do benefício.<br />
Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais<br />
Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus próprios<br />
fundamentos, den<strong>tr</strong>e os quais releva regis<strong>tr</strong>ar ipsis litteris:<br />
“A autora nasceu em 01/07/1948; assim, quando requereu adminis<strong>tr</strong>ativamente sua aposentadoria, contava com 60 anos de<br />
idade (fl. 07).<br />
Quanto à carência, os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> rurais devem cumpri-la conforme previsto no artigo 143, da Lei 8.213/91, que<br />
considera preenchido tal requisito d<strong>es</strong>de que o <strong>tr</strong>abalhador comprove o exercício da atividade rural em número de m<strong>es</strong><strong>es</strong><br />
idênticos ao previsto para carência do benefício.<br />
A apr<strong>es</strong>entação de prova documental mínima, nec<strong>es</strong>sária ao seguimento do feito, foi cumprida com a apr<strong>es</strong>entação dos<br />
seguint<strong>es</strong> documentos:<br />
a) Certidão de casamento, constando a profissão de seu <strong>es</strong>poso como sendo “lavrador” (fl. 10);<br />
b) <strong>es</strong>critura de Compra e Venda de imóvel rural (fls. 12/13);<br />
c) ITR em nome do <strong>es</strong>poso da autora (fls. 17/35);<br />
d) notas fiscais de venda de produtos agrícolas (fls. 36/54).<br />
A apr<strong>es</strong>entação de documentos em nome do <strong>es</strong>poso da parte autora é amplamente aceita pela jurisprudência como início<br />
de prova material (Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, Pedido de Uniformização de Jurisprudência,<br />
proc<strong>es</strong>so n° 2003.70.01.006182-7, DJU 07/04/2005, Relator Juiz <strong>Federal</strong> Renato Toniasso); (Turma Nacional de<br />
Uniformização de Jurisprudência, Incidente de Uniformização de Jurisprudência, proc<strong>es</strong>so n° 2004.80.14. 000154-1, DJU<br />
25/02/2005, Relatora Juíza <strong>Federal</strong> Mônica Sifuent<strong>es</strong>).<br />
Ap<strong>es</strong>ar do início de prova material, o depoimento p<strong>es</strong>soal e a prova t<strong>es</strong>temunhal colhidas em audiência não comprovaram<br />
que a Autora se enquadra nos requisitos de segurado <strong>es</strong>pecial – regime de economia familiar.<br />
A autora afirmou que sempre possuiu ao menos 01 (um) empregado fixo em sua terra, tendo o último sido admitido há<br />
cerca de 03 anos. Afirmou, ainda, que mora na cidade, em casa pertencente ao seu filho, o que foi confirmado pelas<br />
t<strong>es</strong>temunhas.<br />
Sublinhe-se, por fim, que pela análise das notas fiscais de venda de produção agrícola, a renda auferida pela autora e seu<br />
<strong>es</strong>poso é de valor considerável.<br />
Entende-se por regime de economia familiar a atividade em que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família é indispensável à