boletim tr/es 2012-110 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012-110 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012-110 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente o<br />
pedido de conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que o magis<strong>tr</strong>ado utilizou<br />
somente o laudo pericial para formar seu conhecimento. Alega que houve cerceamento de def<strong>es</strong>a ante o indeferimento dos<br />
pedidos de <strong>es</strong>clarecimento pericial e juntada dos antecedent<strong>es</strong> médicos, pelo Instituto Nacional Do Seguro Social – INSS.<br />
D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, anulando-se a sentença. Eventualmente, pugna pela procedência<br />
do pedido deduzido na Inicial. Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />
O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendo<br />
cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />
D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da<br />
recorrente.<br />
Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 37-39), a recorrente (52 anos) foi examinada e diagnosticada com epilepsia,<br />
hipertensão arterial e lombalgia, patologias de ordem degenerativa que, no entanto, não a incapacitam para o exercício de<br />
sua atividade habitual de “do lar” (qu<strong>es</strong>ito de nº 6 – fl. 38). Ao ser qu<strong>es</strong>tionado sobre as limitaçõ<strong>es</strong> funcionais que impedem<br />
o d<strong>es</strong>empenho da atividade habitual, em qu<strong>es</strong>ito de nº 5 (fl. 68), asseverou o perito que a recorrente se apr<strong>es</strong>enta lúcida,<br />
bem orientada no tempo e <strong>es</strong>paço, com marcha normal, flexão e extensão tóraco lombar normal, laségue negativo bilateral<br />
e sem déficit motor em membros inferior<strong>es</strong> e superior<strong>es</strong>. Sobre os laudos e exam<strong>es</strong> médicos existent<strong>es</strong> nos autos, elucidou<br />
que existem no proc<strong>es</strong>so laudos médicos que comprovam que a paciente é epilética e hipertensa, mas a doença <strong>es</strong>tá sob<br />
con<strong>tr</strong>ole (qu<strong>es</strong>ito nº 11 – fl. 38).<br />
Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />
provados nos autos. E, em seu art. 437, a Lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />
determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. Na hipót<strong>es</strong>e em<br />
apreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, <strong>es</strong>te Juízo entende que o<br />
material probatório acostado aos autos sinaliza o d<strong>es</strong>mérito da pleiteante ao pretendido benefício.<br />
Con<strong>tr</strong>a a alegação recursal de que há documento médico particular que at<strong>es</strong>te a incapacidade da recorrente, importa<br />
d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do<br />
Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido<br />
pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de<br />
prevalecer sobre o particular”.<br />
Cabe regis<strong>tr</strong>ar que a juntada dos antecedent<strong>es</strong> médicos da parte recorrente sobr<strong>es</strong>sai absolutamente dispensável,<br />
porquanto a constatação de incapacidade em momento pretérito não autoriza pr<strong>es</strong>supor a persistência da incapacidade<br />
para o <strong>tr</strong>abalho no momento da perícia.<br />
Igualmente d<strong>es</strong>cabido o pleito de anulação em razão do indeferimento dos qu<strong>es</strong>itos complementar<strong>es</strong>. O direito de produzir<br />
provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, não implica cerceamento de def<strong>es</strong>a, sobretudo quando<br />
o qu<strong>es</strong>ito proposto é pr<strong>es</strong>cindível à elucidação do quadro clínico, como na hipót<strong>es</strong>e vertente. Como bem lançado pelo<br />
magis<strong>tr</strong>ado, os qu<strong>es</strong>itos formulados à fl. 40 já se encon<strong>tr</strong>am superados pela firme conclusão pericial.<br />
Por derradeiro, na hipót<strong>es</strong>e vertente, as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da recorrente (idade, condição social, grau de ins<strong>tr</strong>ução, etc.),<br />
em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicional adotada.<br />
Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />
Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. Arguição de cerceamento de def<strong>es</strong>a rejeitada.<br />
Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício<br />
da assistência judiciária gratuita.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />
Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />
que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />
Boaventura João Andrade<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
27 - 0000962-26.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000962-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x JULIO CESAR CORREIA MEIRELES<br />
(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />
Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.52.000962-4/01 – Juízo de origem: 1ª VF São Mateus<br />
Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />
Recorrido : JULIO CESAR CORREIA MEIRELES<br />
Relator : Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />
E M E N T A<br />
RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. TERMO FINAL DO BENEFÍCIO. CONCLUSÃO DO<br />
SERVIÇO DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL OU RECUPERAÇÃO DA APTIDÃO PARA O TRABALHO DEVIDAMENTE<br />
COMPROVADA MEDIANTE PERÍCIA MÉDICA. DESCONTO DOS VALORES PERCEBIDOS SOB O MESMO TÍTULO.<br />
AUTORIZAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM