V. - Fundação Biblioteca Nacional

S e c ç ã o III. CAP. IX. 17^
ligeiro. He também preciso, que o terreno por onde
passao , tenha as mesmas qualidades ; e quando assim
succede , chama-se agua de rocha, que he huma
das m is puras.
Todas as aguas rigorosamente fallando , sao da
chuva; por quanto a natureza no seu immenso laboratorio
levantando continuamente vapores da superficie
do nosso globo, os faz cahir em fôrma de chuva , ou
de librina , orvalho, &c. : agora porém só fazemos
menção daquella agua da chuva , que artificialmente
conservamos, sem qne primeiro tenha sido depositada
nas concavas entranhas dos montes, e serras. Costumamos
recolhe-la em cifternas , j ara onde são encaminhadas
por telhados, pateos lageados, &c. Suppomos
que tanto as dilemas , como os lugares, por
onde corre a agua , eftão cuidadosamente limpos: e
neíla hypothese a maior parte dos Physicos tem-na
em mui boa conta , por ser tal , qual a natureza a
desprende das nuvens. Preferimos todavia a agua dos
rios pelas razoes allegadas. Tem-se observado , que
a agua da chuva recolhida pelo inverno, e em tempo
sereno he melhor do que a que chove em occasiao
de tempeftade.
As aguas da neve e do gelo derretidas de pouco
tempo ;ao nocivas; e Hippocratesjá havia notado
a sua insalubridade, entendendo que a razão procedia
de se terem dissipado no acto da congelação as p rtes
mais subtis. T alvez porém serão outras as razoes ; mas
ainda não são mais conhecidas dos modernos, do que
o forão dos antigos. O que sabemos he que a agua,
quando se torna em gelo , augmenta de volume , e he
especificamente mais leve. Temos huma prova difto
nos canos das fontes , que rebentão ptla occasião de
gelar nelles a agua; nas arvores, que se fendem ; nas
calçadas, que se levantão , &c. Logo a agua passan-