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guardanapos de papel que recebo após as apresentações são lidos e guardados com carinho, pois me comovem. Tenho algumas que pela caligrafia percebo que são de alguém que me segue... A crítica internacional sempre foi generosa: Extraordinária, disse o New York Times; a Sarah Vaughan do Brasil, reforçou o New York Post, Uma das maiores capacidades de improvisação. Maravilhosa completou o The Globe. Esses títulos traduzem prestígio. Também não posso deixar de enumerar alguns registros feitos no Brasil, que vão pela mesma linha: Aqui também colecionei prêmios, títulos, troféus e críticas favoráveis, não posso negar, embora em menor escala. Já fui a Melhor Cantora de Jazz Brasileira e Cantora Musicista, pela habilidade de improvisação. Agora, quando a equipe inteira de uma revista japonesa chamada Latina vem ao Brasil para fazer uma edição exclusivamente com a cantora Leny Andrade, que coisa é essa, minha gente? Mais do que um ato de reconhecimento ou prestígio, considero uma bênção ter sido convidada pelo cônsul do Brasil em Nova York para cantar na missa de sétimo dia de Tom Jobim. A pequena igreja de São Michael, localizada na esquina da Rua 34 com a 11, quase encostando no rio, estava completamente cheia de pessoas encasacadas. Fazia muito frio, num dos dias mais frios daquele inverno de muita neve. O padre Luiz me anunciou e me dirigi ao local onde cantaria. Seriam precisos apenas 12 passos do banco até lá, mas pareceu que a distância foi maior, porque eu andei tão lenta e pesadamente enquanto o Aloísio Aguiar se dirigia ao piano. Achei que a única música cabível naquela hora era Por Causa de Você – Ah, você está vendo só, Do jeito que eu fiquei, E que tudo ficou, Uma tristeza tão grande, Nas coisas mais simples, Que você tocou... música do maestro com letra de Dolores. Letra que ela fizera sofrendo de amor, quase morta de amor, escrevera sobre um guardanapo com o lápis de sobrancelhas, a alma dilacerada porque o seu amado a deixara para sempre. Naquele momento, na igreja, os versos soaram de forma extraordinária. Com os olhos erguidos para o alto cantei e não me lembro de ter ouvido o piano me acompanhar. No fim, nenhum aplauso, é claro – primeiro um grande silêncio e depois um soluço só das 700 pessoas que estavam na missa do Tom. Nossa, que emoção! Encheria páginas relacionando os prêmios e reconhecimentos em forma de gestos feitos por notáveis e anônimos. Contudo, é melhor ficarmos mais na emoção, no sentimento que marcou a trajetória desta minha vida de artista. 102
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