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A Conquista do México<br />
Um deslumbramento e tanto<br />
Fui para o México com o Gemini V a convite do Rogelio Villarreal Vellarde e lá<br />
fiquei por quase seis anos. Rogelio era um empresário da noite que tinha<br />
vindo ao Brasil em busca de atrações para o seu novo espaço situado no<br />
bairro Zona Rosa – o El Señorial. Ficava na Calle de Hamburgo, um verdadeiro<br />
maracanãzinho situado no coração da capital mexicana. O complexo<br />
reunia o Leopardos, discoteca que tocava músicas estrangeiras com dois<br />
grupos de Londres; o Perla Negra, bar pequeno, que comportava cem<br />
pessoas no máximo; e o Elefante Rosa, com capacidade para 350 pessoas,<br />
onde nos apresentávamos. Que delícia!<br />
O incrível é que, quando o Rogelio nos convidou, nenhum de nós acreditou.<br />
Achamos que fosse conversa fiada, mesmo ele se apresentando como<br />
gerente-geral da cadeia internacional Western. Vocês vão morar no melhor e<br />
mais chique lugar do México, que é a Zona Rosa, prometeu, seguindo para<br />
São Paulo de onde voltaria três dias depois com o contrato na mão para a<br />
gente assinar. E sabem o que ele tinha ido fazer em São Paulo? Assistir ao<br />
espetáculo de Elis, Jair Rodrigues e Zimbo Trio. Acho que fez uma grande<br />
diferença ele ter visto o nosso show no Teatro Princesa Isabel, completo, com<br />
mais de uma hora de duração, muito bem cuidado, luz e som impecáveis.<br />
O México fervia. Tinha uma vida noturna agitada. Estava cheio de franceses,<br />
italianos, espanhóis. Homens poderosos desfilavam pela cidade em seus<br />
carrões. Cacifes muito altos, terno e gravata e belas amantes. Vivi na altaroda<br />
e tive amigos importantes. Com uma semana lá, comecei a falar<br />
espanhol porque tive que me virar para comer, falar com a camareira do<br />
hotel, pedir para lavar a roupa enquanto não me mudasse para um apartamento.<br />
Os demais do grupo já moravam em apartamentos maravilhosos<br />
com suas mulheres, cercados do maior conforto. Fizeram tudo o que sonharam,<br />
o que não poderiam ter feito no Brasil, pois o que imperava por aqui era<br />
o iê-iê-iê, um tipo de música que não era a nossa praia. Meu irmão Dudu,<br />
que sempre se comunicava comigo, nem se referia à Jovem Guarda quando<br />
falava sobre o movimento musical que rolava na época: era iê-iê-iê. E me<br />
aconselhava a ficar no México, onde eu estava bem, segura, recebendo em<br />
dólar, tinha carro importado e vivia com todo o conforto. Até Jacuzzi tinha no<br />
meu apartamento. Eu tomava banhos na minha Jacuzzi na alta madrugada.<br />
Era a própria Rainha de Sabá!<br />
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