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Entre o Prestígio e a Fama<br />
Nada de mágoa, apenas um desabafo<br />
De 1983 a 1994, fiz bastante coisa em Nova York, mas a principal delas foi<br />
sugar o entendimento do jazz. Ver e ouvir esses sons durante as 24 horas do<br />
dia. Escutei a WBGO (83,5 FM) dia e noite. Tenho o maior orgulho de ser sócia<br />
dessa rádio e, além disso, ser a intérprete mais executada entre todas as<br />
brasileiras que transitam naquele universo de excelente música. Quando não<br />
estava ouvindo rádio, cantava na noite nova-iorquina, ou viajava pelo mundo.<br />
Quando me refiro aos Estados Unidos com orgulho e gratidão, e digo que foi<br />
preciso ir lá para ser reconhecida no Brasil, nem sei se esta é a colocação<br />
correta. Talvez fosse melhor começar por estabelecer bem direitinho a<br />
diferença entre fama e prestígio, entre ser conhecida do grande ou do<br />
pequeno público, ser sucesso nacional, estadual ou municipal, estourar ou<br />
não, enfim... é por aí.<br />
Do que me ressinto hoje, por exemplo, é de um pouco mais de interesse<br />
por parte da mídia para eu não precisar contratar um assessor de impressa<br />
que plante fotos e notícias nos veículos cada vez que chego ao Brasil. Acho<br />
que a mídia brasileira tem mais do que a obrigação de saber quem é Leny<br />
Andrade e a responsabilidade de divulgá-la. Estou falando de 53 anos de<br />
carreira. Não comecei ontem. Então não vou contratar um assessor de<br />
imprensa para contar minha história aos jornalistas. Sabem por quê? Se<br />
pegarem o roteiro que tracei nesses 53 anos de carreira, verão que por onde<br />
passo para fazer um show, sempre volto. Ah, se volto... E acredito que isso<br />
se deva à emoção que coloco no que faço. Só se deve fazer música com<br />
emoção. Se você não a tem, então não faça. Se tem medo de se acabar por<br />
dentro cantando algo, fique em casa, por favor.<br />
A Bossa Nova é hoje o movimento musical mais chique. Não é superior, só<br />
mais chique, mais amado, respeitado e elogiado no mundo inteiro. Não há<br />
nada mais importante no exterior, hoje, do que a Bossa Nova. Não adianta,<br />
tem-se que parar de ser hipócrita e admitir. Uma coisa que me preocupa é<br />
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