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Carmelo Senna da Cunha, meu marido<br />
Casei-me uma única vez na vida, com Carmelo Senna da Cunha. Conheci<br />
meu marido ao final de um Projeto Pixinguinha. Chegando de uma dessas<br />
viagens, fui dar um jeito no cabelo e, na vinda do cabeleireiro, com a cabeça<br />
envolta em um lenço, encontrei o Theo, meu secretário, e o Carmelo conversando<br />
com a minha família. Olhei para meu pai com espanto, porque ele não<br />
parava de falar castelhano. Então, ele me apresentou ao Carmelo, explicando<br />
que era madrilenho. Conversamos fiado, disse-lhe que gostaria de conhecer<br />
melhor Madrid porque passara por lá muito rapidamente durante um festival.<br />
De cara gostei do jeito do bicho. Combinamos nos encontrar no dia seguinte, no<br />
Teatro Rival, onde Pedrinho Martins, estilista famoso, me concederia um<br />
prêmio. No dia seguinte à entrega do prêmio, tive novo encontro com o Theo<br />
e Carmelo estava lá outra vez. Foi o suficiente. Não nos largamos mais.<br />
Carmelo não tinha a menor ideia de quem era a cantora Leny Andrade. E isso<br />
foi o que me pegou, teve um significado todo especial, guardado até hoje<br />
com muito carinho: meu marido, o único homem com quem me casei,<br />
apaixonou-se pela mulher Leny de Andrade Lima, sete anos mais velha do<br />
que ele, e não pela cantora famosa. A adoração dele por mim e pela minha<br />
família – mamãe, meu pai, minha madrinha, meu irmão Dudu – me cativou.<br />
E a família dele tem adoração por mim até hoje. Posso mandar um telegrama e<br />
dizer que estou chegando na casa deles, em Madrid, e ir tranquilamente,<br />
só com a roupa do corpo, que serei bem recebida.<br />
A vida para Carmelo era sempre festa. Ariano do dia 9 de abril, filho de uma<br />
mãe riquíssima, era um jovem impulsivo e impossível de ser controlado.<br />
Casei-me com ele em 25 dias porque seu visto ia vencer. Antes da cerimônia,<br />
porém, entramos no primeiro motel da subida da serra para Petrópolis e<br />
só saímos de lá três dias depois. Minha mãe ficou louca com o meu sumiço.<br />
Pelo telefone, eu ia tranquilizando Dona Ruth, sem dizer onde estava exatamente,<br />
só explicava que logo chegaria a Petrópolis. Com Carmelo. Ela achou<br />
tudo aquilo um absurdo. Na volta da aventura do motel, tratei de correr atrás<br />
de um monte de coisas relacionadas com o meu trabalho, porque tinha<br />
largado tudo. Chegara de viagem e tinha sumido de casa. O telefone tocou.<br />
Era Carmelo dizendo que precisava me ver, estava mal porque o cachorrinho<br />
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