versão pdf - Livraria Imprensa Oficial
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Era 1º de agosto de 1966 quando estreamos. Sem o Pery, que havia ficado<br />
no Rio de Janeiro por causa de um filme que fizera com o Jerry Adriani,<br />
que por sinal fez muito sucesso. Ao montar o repertório com o radinho de<br />
pilha sintonizado numa emissora local, percebi que no México não se tocava<br />
quase nada de música brasileira. Combinei com o trio: vamos fazer uma<br />
rodada bem graciosa, só de Bossa Nova, para tocar muito gostoso, como<br />
sempre e, aos poucos, introduziremos outras coisas. Quando o Pery<br />
chegou, o show ficou completo. A estreia foi um verdadeiro espetáculo.<br />
O Rubem Fuentes, presidente da RCA Victor à época, que morava numa<br />
sofisticada residência em San Angellin, nos convidou para uma festa onde<br />
nos apresentou a todo o meio artístico da cidade e muito mais: atrizes e<br />
galãs, políticos, gente da sociedade. Ele colocou dois carros aguardando<br />
para nos conduzir até a festa após o show. Só troquei os sapatos e fui, de<br />
vestido comprido. Era uma linda casa de dois andares, com piscinas. Lá<br />
estavam a nata artística, uns dez licenciados do governo, o filho do presidente,<br />
o filho de não sei quem e embaixadores de vários países. Muitos<br />
conjuntos de músicos tocando e, para fechar com chave de ouro, os<br />
Mariachis Vargas, os melhores do México, chegariam às três da madrugada.<br />
Eu andava de namorico com um cantor chamado Pepe Soza, tinha-o avisado<br />
para ir ao show preparado, pois desconfiava que haveria recepção na casa<br />
do Rubem Fuentes. Contudo, Octávio, Ronie e Luiz Carlos condenaram o<br />
fato de ter convidado o Pepe. Disseram que eu não devia levá-lo. Sabem por<br />
quê? Porque o Pepe era uma criança linda. Um menino de família, maravilhoso,<br />
superbem-vestido com o seu smoking preto (acho que estava com a<br />
camisa aberta e um colar). Não dei bola e fui logo dizendo: não se metam na<br />
minha vida, porque não vai dar certo. Avisei só por consideração, já que iria<br />
em outro carro, com o Pepe.<br />
Os Mariachis Vargas chegaram muito mais tarde, alguns convidados já<br />
tinham ido embora, outros estavam bêbados. Depois das desculpas pelo<br />
atraso, eles começaram a tocar, nós todos sentados em volta da piscina.<br />
Bem trajados, com seus chapéus típicos, o suprassumo, os melhores do<br />
país. De repente, o primeiro trompetista vira-se para o garoto que estava<br />
comigo e o convida a cantar. Ele hesitou, mas depois de o Rubem convencê-<br />
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