Sete Visões: Ambição - rtavares consultoria & treinamento

[SE7E VISÕES - AMBIÇÃO] Página | 19
A verdade é que Anthonny estava obcecado por essa ideia de provar que vampiros
existiam. Claro que provar para mim seria o mais lógico vindo dele, já que, quando éramos
crianças, conversamos muito sobre esse assunto.
Fui tomada por um sentimento de nostalgia. Anthonny tem a minha idade; nossos
pais foram grandes amigos... Até o acidente com sua mãe, o que deixou seu pai completamente
louco. Por algum motivo ― coerente ou não ― a grande ambição dele é essa: encontrar
um vampiro e viver para contar histórias para seus futuros netos (apesar de que, com
a média de vida atualmente, seria um grande feito de Anthonny viver tempo suficiente
para contar aos netos histórias de seu encontro com os vampiros).
A mão de Anthony me pressionou com força. Por que ele está usando luvas? Nem está
tão frio assim. Ele me puxou para um lugar mais escuro na rua.
Ele observava algo...
Olhei na direção que ele mirava ― ou que, pelo menos, eu deduzi que ele estava mirando.
Uma casa de promiscuidade?
Olhei para ele.
Safado!
― Não é nada disso... Presta atenção!
Seus olhos azuis me pareciam sinceros. Estagnei por um momento.... Que eu me
lembrava, os olhos dele são verdes! Eu o conheço desde criança, tenho certeza que seus
olhos são verdes.
Voltei a analisá-lo. Deve ser a luz, lembrando-me que, às vezes, seus olhos mudavam
de cor.
Aqueles olhos azuis fizeram lembrar-me de algumas lendas gregas muito antigas:
segundo elas, pessoas com olhos azuis poderiam ser vampiros. Ri, pensando em como minha
imaginação era fértil.
― Aquele homem é Rudolf Grenalles – ele indicou com o dedo.
Observei o homem. Ele era tão magro que seria facilmente confundido com um poste
se ficasse ao lado de um.
― Certo. Interessante. O que isso significa?
― Ele é um vampiro.
― Sério?! Não me lembro de lendas dizendo que vampiros possuem um grande apetite
sexual.
― Samantha... Você não entende. Meretrizes são perfeitas para vampiros. Quem sentiria
falta delas? Muitas nem possuem família! É fácil matar, sugar o sangue. Ninguém saberia
quem foi o culpado.
― Mas outras meretrizes sentiriam falta, não? Talvez a dona da casa também? Ou, então,
o padeiro?
― Padeiro?!
― Elas comem pão, não comem?
Ele estalou a língua em seu típico gesto de “você é uma idiota, Samantha”. Pisei no
pé dele por isso. Com quem ele pensa que está lidando?
― Sua pestinha.
Esperei que ele me beliscasse (como sempre fazia), no entanto ele segurou meu punho
e voltou a me conduzir pela rua.