Sete Visões: Ambição - rtavares consultoria & treinamento
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[SE7E VISÕES - AMBIÇÃO] Página | 30<br />
A minha respiração ficou acelerada, como se eu tivesse corrido por quilômetros sem<br />
descanso. Minha testa estava molhada de suor, que escorria e pingava do meu queixo.<br />
Meu corpo estava reagindo de uma forma totalmente estranha à magia. Nas invocações<br />
normais, eu nunca havia sentido um poder tão latente como aquele.<br />
Fechei os olhos por alguns momentos antes de continuar. Minha cabeça latejava de<br />
dor.<br />
E eu soube o momento exato em que os espíritos estavam surgindo quando senti<br />
meu corpo inteiro se arrepiar. A sensação mais vitoriosa que tive em toda a minha vida.<br />
Eu havia conseguido!<br />
Sim, eu estava certo. Soltei uma risada quase gutural, enquanto sentia tudo à minha<br />
volta se tornar angustiantemente frio. Os túneis estavam inundados pelo sentimento de<br />
desespero. Eu só não sabia se era meu ou dos espíritos que agora me faziam companhia.<br />
Apoiei-me no chão com as mãos, enquanto meu corpo tremia. Minha risada ainda<br />
ecoava em meus ouvidos. A imagem de Elize, estranhamente, surgindo por relances em<br />
minha mente. Eu adoraria mostrar para ela o quanto estava errada.<br />
Eu estava tão absorto em meu orgulho que não notei quando a atmosfera mudou<br />
bruscamente, dissipando rapidamente a sensação de agonia. Agora, só havia a calmaria<br />
típica – e assustadora.<br />
Não notava mais a presença dos espíritos, agora só havia eu... e alguém.<br />
― Um dia eu deixarei de abrir os portões. Quem sabe assim, vocês, necromantes, notam<br />
o tamanho da burrice que fazem ― a voz dura soou atrás de mim, congelando-me.<br />
Meus olhos arregalados em choque, as mãos suando.<br />
Era ele.<br />
O silêncio mortificante foi quebrado pelo som dos passos lentos e torturantes dele reverberando<br />
em meu corpo petrificado. Ele se aproximava.<br />
― Larcel... ― sussurrei, sentindo minha voz falhar, odiando-me por não conseguir<br />
me mover.<br />
Ele parou exatamente à minha frente, acocorando-se para dobrar o tecido branco em<br />
que o diagrama estava desenhado.<br />
Não consegui erguer os olhos, fiquei observando as mãos pálidas estendendo o pano<br />
para mim.<br />
Ergui minha mão com lentidão e segurei o tecido frouxamente. Eu implorava a mim<br />
mesmo, para que meu corpo reagisse de qualquer forma que fosse.<br />
A mão macilenta tocou minha face suada.<br />
― Era assim que você queria me vencer, Alain? ― a voz grave era calma, mas, certamente,<br />
me irritou. ― Você só tinha esse poder para me mostrar?<br />
Eu sentia uma inexplicável vontade de socá-lo. Em meu peito queimava uma raiva<br />
muito mais intensa do que aquela simples frase arrogante conseguiria causar a outrem.<br />
Esse novo sentimento reiterou minhas forças. Finalmente eu entendia que ódio era<br />
aquele que eu sentia. Não acreditei por um momento, mas se havia algo que eu havia aprendido<br />
durante todos aqueles anos, era que eu deveria confiar em meus instintos.<br />
Ergui a vista. Mas eu já sabia quem ele era antes mesmo de encarar seus olhos dourados.<br />
― Cassius... ― rosnei, minha mão se fechando em punho.<br />
Eu sentia minha cabeça doer de tanta raiva e frustração.<br />
Ele se levantou, o sorriso divertido estampado na face.