Sete Visões: Ambição - rtavares consultoria & treinamento

[SE7E VISÕES - AMBIÇÃO] Página | 33
― Ainda não dei a imortalidade a ela, Alain. Se você puder me convencer a mudar
de decisão... ― ele falava devagar, como se quisesse que eu entendesse sua fala por partes.
― Está querendo que eu lute com você?
Cassius riu alto.
― Lutar? Não, não. Acho impossível que você me vença. Mas, pense pelo lado bom,
para virar um Deus da Morte não é a mim que você tem que vencer.
― O quê?!
― Você achava mesmo que conseguiria o que queria somente me vencendo? ― ele
riu novamente. ― Não, meu caro, não é assim tão simples. ― Ele se encostou à parede de
ossos tranquilamente, como se não houvesse nada de estranho ali. ― Você tem que vencer
a morte.
Franzi o sobrolho, completamente confuso. O que ele queria dizer com vencer a morte?
Nem pude meditar sobre o que ele falara, pois senti uma dor terrível na base do estômago.
Uma sensação parecida com náuseas, só que muito, muito pior.
Meus joelhos cederam, e eu caí no chão, apoiando-me nas mãos para tentar me levantar
novamente. Senti algo escorrer pelo canto de minha boca. E só notei o que era quando
vi a poça de sangue se formando abaixo de mim.
Pus as mãos na frente da boca, que prontamente cuspiu sangue nelas.
― Ah, como demorou em começar. Acho que foi por causa do amuleto que você está
usando no pescoço. Acredito que tenha sido Elize quem o deu.
Ergui os olhos desesperadamente para ele, que me observava friamente.
― Foi... você?
― Não, Alain. Foi você.
Meus braços não aguentaram e caí em cima de meu próprio sangue, puxando o ar sofregamente.
― Sabe, você acha mesmo que essas magias que vocês fazem são fortes o suficiente
para invocar um espírito do plano deles para este?!
Minha vista estava completamente embaçada. Mas ainda conseguia ouvir a voz acusadora
e sarcástica dele. Mesmo que eu tivesse que me esforçar muito para entender.
― Cada vez que vocês fazem uma invocação, minha magia, automaticamente, abre
os portões para a passagem do espírito. Do contrário, o necromante morreria só por tentar
fazer o feitiço. Acontece que a minha magia não reconheceu os conceitos do diagrama que
você usou em sua invocação. E, por isso, os portões não foram abertos por mim... Foram
abertos por você.
Eu senti que ele iria embora depois de tal discurso. No entanto, ele continuou:
― Sua força vital não suportou o estresse, Alain... Eu sinto muito, você nunca seria
capaz de me substituir com esse poder simplório.
Eu estava morrendo. Finalmente eu entendi com exatidão o que estava acontecendo.
Meu corpo não aguentava mais ficar vivo. Mas eu não queria morrer, e lutava desesperadamente
contra o inevitável.
A imagem de Elize apareceu mais uma vez em minha mente, como um fantasma que
me acolhia no fim. Eu não sabia ao certo se me arrependia do que havia feito, mas tinha
certeza que não gostava nenhum pouco de admitir que ela estava certa.
Meu coração batia rápido dentro do peito, uma última e desesperada tentativa de se
manter vivo. Mas eu já havia perdido as esperanças, já não ansiava lutar pela minha existência.