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Sete Visões: Ambição - rtavares consultoria & treinamento

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[SE7E VISÕES - AMBIÇÃO] Página | 48<br />

΅<br />

Kär voltou para casa em silêncio. Como não era de seu feitio fazer muito alarde,<br />

principalmente nessa fase da adolescência, o pai não notou nada de diferente. Ele voltou<br />

no mesmo horário que voltava todas as tardes, entrou para o quarto e se deitou.<br />

Ele não quis comer, conversar ou trocar de roupa. Ficou rolando na cama, lembrando-se<br />

da cena do rapaz morto, sem entender o que havia acontecido. O que lhe restava era<br />

esperar o dia seguinte: talvez o presente que receberia conseguisse alegrá-lo. No entanto, o<br />

que aconteceu no outro dia só conseguiu piorar a situação.<br />

΅<br />

Kär olhou para dentro da chaminé, observando se não havia nada queimando na lareira.<br />

Seguro de que poderia descer, iniciou a árdua tarefa de firmar-se nos tijolos sem cair.<br />

Apoiou as pernas abertas e depois os braços ― para a sorte dele, a chaminé não era muito<br />

larga. A descida foi rápida, e o que viu foi impressionante.<br />

A casa era esplendorosa por dentro: filetes de ouro decoravam fitas verdes penduradas<br />

no teto, e um imponente pinheiro adornado de enormes pedras preciosas brilhava<br />

em um canto do salão. Havia mesas com papéis e pinturas na parede, mas o mais impressionante<br />

eram as centenas de pequenos seres marrons que andavam para todos os lados<br />

sem fazer um ruído sequer. Do lado esquerdo do salão, havia duas aberturas no chão: uma<br />

de onde os homenzinhos saíam, e outra pela qual eles entravam.<br />

― O subsolo é infinitamente maior do que essa pequena casa ― uma voz familiar<br />

falou ao seu lado.<br />

Quando Kär se virou para ver seu interlocutor, um homem gordo e vestido de vermelho,<br />

refestelado em uma poltrona igualmente rubra, ainda trazia um papel em frente ao<br />

seu rosto. “Estaria ele lendo uma carta de pedidos?”, o rapaz pensou. “Sim, se ele for o”...<br />

O velho abaixou a carta e o olhou, sorridente. Ainda com a visão focada no rapaz,<br />

disse:<br />

― Se você tivesse apenas batido na porta, eu teria pedido para que um dos duendes<br />

a abrisse. Você sabe o perigo que é descer por uma chaminé?<br />

Kär ainda não acreditava no que via.<br />

– Vovô?<br />

΅<br />

Mesmo tendo demorado a dormir, Kär acordou cedo, e nem esperou pelo chá quente<br />

que a mãe sempre fazia. A primeira coisa que fez ao levantar-se foi correr até a peixaria.<br />

Por algum tempo, parecia que nada havia acontecido no dia anterior: a única coisa que<br />

importava era que seu presente estaria ali.<br />

A barraca do peixeiro estava vazia, sem peixes ou instrumentos de corte; o dono<br />

também não estava lá.<br />

― Veio comprar peixe? ― uma senhora, que vendia ervas na barraca ao lado, perguntou.<br />

― O homem que trabalhava aí teve o filho morto ontem.<br />

Alguns pensamentos vieram como óleo fervendo na mente do rapaz.<br />

― Então, eles estão em casa?<br />

A velha acenou negativamente com a cabeça. Kär começou a preocupar-se.<br />

― Estão velando o corpo do filho? ― ele esperava por alguma resposta positiva.<br />

Mais uma vez, a mulher negou. Por fim, ela contou:<br />

― Ele foi embora com a família. Ninguém sabe para onde ele foi.

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