19.04.2013 Views

Sete Visões: Ambição - rtavares consultoria & treinamento

Sete Visões: Ambição - rtavares consultoria & treinamento

Sete Visões: Ambição - rtavares consultoria & treinamento

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

[SE7E VISÕES - AMBIÇÃO] Página | 29<br />

Ela suspirou em rendição e levou a mão ao pescoço, tirando o colar que usava: uma<br />

corrente prateada com um pingente de pedra avermelhada.<br />

Ela hesitou por alguns momentos e estendeu o colar para mim.<br />

― Pedra Cornalina? ― ironizei. ― Você acha mesmo que um amuleto irá me proteger<br />

do Deus da Morte?<br />

Ela fechou o cordão em volta de meu pescoço.<br />

― Não, meu irmão. Só peço que o amuleto o proteja de você mesmo! ― e saiu do<br />

quarto sem mais uma palavra.<br />

Ela havia desistido de mim.<br />

ω<br />

Aquele era o melhor lugar para pôr meu plano a cabo ― as catacumbas de Paris. Era<br />

até estranho saber que embaixo daquela cidade, nos túneis que séculos atrás eram usados<br />

para a exploração das pedreiras, havia algo tão sombrio quanto criptas com os ossos de<br />

milhões de pessoas (ossos esses que estavam dispostos pelas paredes dos corredores de<br />

forma macabramente artística). Os que eram longos e mais regulares formavam uma parte<br />

da parede adornada por crânios, e, por trás dessa muralha, os ossos menores e com menos<br />

constância de forma. Aquele lugar provava que os humanos, mesmo que não admitissem,<br />

viam beleza na morte.<br />

Os túneis, somente por sua finalidade, já eram assustadores. A luminária a óleo, que<br />

eu carregava em uma das mãos, clareava alguns metros à frente e atrás. Além daquele pequeno<br />

pedaço visível, só havia escuridão. O que me dava a claustrofóbica impressão de<br />

que eu estava em perigo.<br />

Respirei vagarosamente, numa tentativa de me acalmar. Coloquei a luminária no<br />

chão e estendi um pedaço de pano branco que eu carregava. No tecido, eu havia desenhado<br />

um diagrama contendo ideias de quase todas as teorias que eu já havia pesquisado. Eu<br />

iria testar uma magia que invocaria muitos espíritos ao mesmo tempo, usando partes de<br />

corpos ― os ossos ― antigos demais para serem usados na necromancia tradicional.<br />

Eu tinha fé de que daria certo, pois usaria os mesmos princípios de combinação dos<br />

antigos para criar todas as magias existentes.<br />

Sim, daria certo. Tinha que dar certo.<br />

Eu tinha certeza de que, dentre os milhares de espíritos que eu invocaria, haveria um<br />

que me diria a localização do Deus da Morte Larcel. E, com isso, eu estaria um passo mais<br />

perto de vencê-lo. Teria o controle que ele nunca possuíra.<br />

Estendi as mãos ao lado do tecido branco e respirei fundo, mais uma vez. Senti um<br />

frio na barriga típico de meu nervoso estado de espírito.<br />

Meus lábios se estenderam em um sorriso ansioso: depois de tantos anos estudando e<br />

me preparando, finalmente havia chegado o dia em que eu venceria Larcel.<br />

Comecei a recitar as palavras em egípcio antigo que iniciariam o ritual de invocação.<br />

Nada aconteceu nos primeiros momentos, mas eu era um necromante experiente, sabia<br />

que as coisas podiam ser mais demoradas do que era desejado. Enquanto isso, forçava<br />

a minha mente para recordar as palavras com exatidão: não queria cometer um erro que<br />

fosse - qualquer deslize poderia comprometer o desempenho da magia.<br />

As palavras quase se perderam em minha mente quando senti uma pressão gigantesca<br />

sendo exercida sobre meu corpo. Era como se uma mão enorme estivesse tentando me<br />

esmagar. Continuei a invocação sem hesitar, falando as palavras que fiquei decorando por<br />

meses.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!