N.º 187 - Novembro 2007 - 2,00 euros - Inatel
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BOAVIDA<br />
Livro aberto<br />
Escrita Criativa, Shakespeare,<br />
Garcia Marquez e Aquilino<br />
É cada vez maior o número de pessoas que se interessam pelo universo da escrita criativa, por certo<br />
com o propósito de virem a tornar-se elas próprias escritoras e, em, muitos casos, de fazerem dessa<br />
actividade um modo de vida.<br />
José Jorge Letria<br />
Pessoalmente, nunca acreditei<br />
que estes cursos<br />
dessem talento a quem o<br />
não tem ou que transformassem<br />
em escritores pessoas com<br />
muito mais jeito para a agricultura<br />
ou para a enfermagem. No entanto,<br />
deve ser reconhecido que existem<br />
regras, princípios e métodos que,<br />
sendo ensinados por quem sabe e<br />
ilustrados com os exemplos certos,<br />
podem contribuir para que os interessados<br />
passem a escrever melhor<br />
e, sobretudo, a respeitar regras basilares<br />
e estruturantes. Quanto ao<br />
estilo, isso depois passa a ser assunto<br />
de cada um, já que mal andará<br />
quem na escrita criativa pretender<br />
moldar o estilo de quem ali está<br />
para aprender.<br />
Vêm estas considerações a propósito<br />
da edição recente de dois<br />
livros de qualidade para quem se<br />
interessa por esta matéria: “Ler<br />
Como um Escritor”, de Francine<br />
Rose, com a chancela da Casa das<br />
Letras, e “Manual de Escrita Criativa<br />
II”, de Luís Carmelo, com a<br />
chancela de Publicações Europa-<br />
América. No primeiro, uma professora<br />
da Universidade de Harvard<br />
familiariza-nos com os os truques e<br />
os tiques de estilo de alguns dos<br />
maiores escritores de sempre, fornecendo<br />
pistas fundamentais e elementos<br />
de referência para os atentos<br />
aprendizes da escrita criativa.<br />
36 TempoLivre <strong>Novembro</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />
No segundo, estamos perante o<br />
segundo volume de uma obra de<br />
grande fôlego e rigor académico<br />
assinada por um escritor com obra<br />
narrativa de qualidade e com um<br />
assinalável percurso de docência<br />
universitária. Portanto, para quem<br />
está interessado em saber como se<br />
escreve, para quem se escreve e de<br />
que modo se escreve, aqui ficam<br />
duas sugestões a ter em conta.<br />
“ATLAS DAS NUVENS”, de David<br />
Mitchell, da Dom Quixote, é um<br />
dos grandes livros de ficção publicados<br />
nos últimos anos a nível<br />
mundial. O autor viveu no Japão e<br />
reside agora na Irlanda, tendo este<br />
sido o seu quarto romance. Já muito<br />
premiado, citado e discutido, “Atlas<br />
das Nuvens” foi integrado na lista<br />
dos 1<strong>00</strong>1 melhores livros de todos<br />
os tempos, tendo sido finalista do<br />
prestigiante Booker Prize.<br />
APOSTA FORTE e de grande qualidade<br />
da Teorema é “Shakespeare –<br />
A Biografia”, do consgrado biógrafo<br />
Peter Akroyd. Estamos em presença<br />
de uma obra biográfica luminosa e<br />
de grande fôlego, que nos faz<br />
acreditar que Shakespeare existiu<br />
mesmo e que foi tão genial como<br />
reconhecemos que foi. Um livro<br />
que se lê como se de uma grande<br />
obra romanesca se tratasse, pois é<br />
escrito com um estilo brilhante e<br />
uma pujança narrativa inultrapassáveis.<br />
A não perder. Da mesma<br />
editora é o delicioso “Novas Aventuras<br />
do Menino Nicolau”, volume<br />
três, da dupla Goscinny e Sempé.<br />
Ainda com a chancela da Teorema e<br />
a reter pela qualidade são os seguintes<br />
títulos: “Angus – o Deus<br />
Celta do Amor e dos Sonhos”, de<br />
Alexander MacCall Smith, apeça de<br />
teatro “Pedro I”, de Manuel Poppe<br />
e o surpreendente e cativante exercício<br />
sobre a literatura que dá pelo<br />
título de “O Último Leitor”, obra de<br />
Ricardo Piglia, um argentino nascido<br />
em 1940 e há muito com créditos<br />
firmados.<br />
A Campo das Letras acaba de editar<br />
a obra-prima de Ruben Fonseca<br />
“A Grande Arte”, obra de referência<br />
da ficção brasileira das últimas<br />
décadas, e o ensaio “A Minha TV É<br />
um Mundo”, de Sara Pereira, sobre