N.º 187 - Novembro 2007 - 2,00 euros - Inatel
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M. Augusta Drago<br />
Oestado de má nutrição e<br />
tristeza em que vive diminui<br />
a sua imunidade<br />
e, leva a que tenha<br />
maior risco de contrair infecções.<br />
Uma tarde destas a Sra. B. pediu<br />
uma consulta com urgência e quando<br />
entrou no meu gabinete vi que<br />
estava pálida e mais combalida do<br />
que de costume. Contou que nos<br />
três dias que antecederam a consulta,<br />
tinha estado de cama, com febre,<br />
arrepios de frio, mal-estar geral e<br />
que naquele dia lhe aparecera uma<br />
dor nas costas, que mal conseguiu<br />
caracterizar, localizada num dos<br />
lados e com um “formigueiro” que<br />
vinha até à parte anterior do tórax.<br />
Na observação que fiz da doente<br />
verifiquei que no local onde dizia<br />
doer era visível uma zona avermelhada,<br />
com pequenas bolhas centrais<br />
cheias de líquido. A história da<br />
doente e esta observação são características<br />
da infecção pelo vírus herpes<br />
zóster.<br />
O vírus herpes zóster que, nas crianças,<br />
causa a varicela, fica depois<br />
da doença a residir no corpo<br />
humano (nos gânglios dos nervos<br />
espinais ou cranianos) e pode aí<br />
permanecer toda a vida, sem causar<br />
sintomas. Mas se, por qualquer<br />
razão, a imunidade diminui, (como<br />
no caso da Sra. B.) ele volta a manifestar-se<br />
e as lesões podem aparecer<br />
Herpes zóster:<br />
da varicela à zona<br />
com várias localizações, sempre nas<br />
zonas de influência dos nervos afectados.<br />
Estas apresentações são vulgarmente<br />
conhecidas por “zona”.<br />
Tal como a varicela das crianças,<br />
também a zona é muito contagiosa<br />
durante o período em que as vesículas<br />
(bolhas) estiverem com líquido.<br />
Só depois de todas as vesículas<br />
estarem “secas” é que deixa de ser<br />
contagiosa. Durante esse<br />
período, o doente não<br />
deve partilhar a roupa<br />
ou limpar-se com outras<br />
toalhas que não<br />
sejam as suas.<br />
De todas as localizações<br />
da zona, as<br />
que de longe podem<br />
ser mais perigosas são<br />
as que afectam a pele<br />
da face, junto aos olhos<br />
e ouvidos, porque se o<br />
nervo auditivo for afectado<br />
pode provocar a surdez<br />
permanente. Do mesmo modo se,<br />
por extensão da lesão, o vírus afectar<br />
os olhos, a córnea (parte anterior<br />
do olho) pode ulcerar e as estruturas<br />
subjacentes inflamarem. O<br />
resultado deste processo é o<br />
aparecimento de cicatrizes permanentes<br />
com consequente perda de<br />
visão.<br />
Para evitar estas situações extremas<br />
é preciso tratar o mais precocemente<br />
possível as lesões herpéticas<br />
da face, para o que existem medica-<br />
BOAVIDA<br />
Saúde<br />
A Sra. B. tem 68 anos e uma longa lista de problemas de saúde e não só. Aquele que mais a faz sofrer<br />
é viver sozinha. O marido morreu há mais de dez anos e os filhos, dois “rapazes”,<br />
moram longe e só raramente a vêm visitar. Uma das consequências do seu abandono é não se<br />
alimentar convenientemente. Habitualmente come bolos e bebe chá na pastelaria do bairro.<br />
mentos anti-virais eficazes, mas que<br />
só o médico deve receitar. Quando<br />
estão em perigo os órgãos da visão e<br />
da audição, é obrigatório consultar<br />
quer o otorrinolaringologista, quer<br />
o oftalmologista.<br />
A dor herpética é uma nevralgia,<br />
isto é, dói o nervo e a região onde<br />
ele se situa. Tem a característica<br />
de ser<br />
mal definida: O doente<br />
tem dificuldade<br />
em dizer como é<br />
esta dor. Dói ao mais<br />
leve toque na região<br />
afectada – se for na<br />
cabeça o doente não<br />
se consegue pentear.<br />
Esta dor causa frustração<br />
a médicos e doentes,<br />
porque não responde ao<br />
tratamento convencional da<br />
dor. Mesmo com uma abordagem<br />
específica, pode ser difícil<br />
debelar.<br />
A nevralgia herpética pode, por<br />
vezes, preceder a lesão ou não<br />
chegar a ser dor, o doente refere<br />
uma sensação de formigueiro na<br />
zona afectada. Há casos em que a<br />
dor se torna crónica, depois de<br />
terem sarado as lesões.<br />
Está provado que a melhor maneira<br />
de prevenir a nevralgia herpética<br />
é iniciar administração de<br />
medicamentos anti-virais na fase<br />
mais precoce da doença. ■<br />
medicofamilia@clix.pt<br />
<strong>Novembro</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 45