N.º 187 - Novembro 2007 - 2,00 euros - Inatel

Vítor Ribeiro
O fado segundo
Carlos Saura
”Fados” é o título do mais recente filme de Carlos Saura e é,
simultaneamente, o título do CD entretanto editado, no qual se
integra a banda sonora da fita.
Um belo trabalho
sobre o fado, em
particular, e um
importante contributo
para o estudo da
diáspora daquele género
musical.
Apaixonado pelos estilos
musicais mais genuínos, o
realizador espanhol concebeu
anteriormente trabalhos
sobre o flamenco e o
tango. Faltava-lhe o fado,
sobre o qual diz: “Cresci
com ele, com a voz e a presença
de Amália”. No que se
refere ao filme explica: “Tratei de
abrir novas perspectivas, aprofundar
o espaço onde o fado se abre
para o futuro”.
De Portugal até ao Brasil, passando
por Cabo Verde e pela Andaluzia,
Carlos Saura cruza sonoridades,
estabelece comparações, ora
a solo, ora através de duetos surpreendentes,
obrigando-nos a redescobrir
o fado, muito para além
dos limites que ancestralmente formatam
o nosso imaginário musical
colectivo.
A lista de intérpretes escolhidos
pelo cineasta evidencia o percurso
destes “Fados”: Carlos do Carmo,
Kola San Jon, Ricardo Rocha e
Jaime Santos, Mariza, Toni Garrido,
Camané, Catarina Moura, Cuca Roseta,
Alfredo Marceneiro, Lila
Downs, Argentina Santos, Brigada
Victor Jara, Lura, Caetano Veloso,
Chico Buarque de Holanda, Miguel
Poveda, Vicente da Câmara, Maria
da Nazaré, Ana Sofia Varela, Carminho,
Ricardo Ribeiro e Pedro
Moutinho.
A propósito, Carlos do Carmo salienta:
“A obra deste grande cineasta,
que passa pela sua visão sobre
o tango e o flamenco, seria incompleta
se não passasse pelo fado; é
um projecto de dimensão mundial”.
Carlos Saura pretendia “ir mais
além”. E conseguiu.
A “ÚNICA” MARIA CALLAS
Maria Callas morreu há 30 anos,
ficando até hoje sem sucessora.
“Única” é o título genérico do duplo
CD recentemente editado entre
BOAVIDA
Músicas
nós e no qual se integram 33 fantásticas
interpretações da maior soprano
de todos os tempos.
Após a sua primeira apresentação
no La Scala de Milão, em 1950, Maria
Callas não mais deixou de impressionar
multidões um pouco por
todo o mundo, até 1965, ano em
que abandonou os palcos.
A vida de Maria Callas ficou também
marcada por uma atribulada
relação com o armador
grego Aristóteles Onassis, que
acabou por ser determinante
na carreira da cantora.
Na colectânea agora publicada,
apresentam-se alguns
dos principais desempenhos
de Callas, designadamente
em a “Tosca” e “Madame Butterfly”,
assim como uma interpretação
de “Casta Diva”,
que a cantora representou
cerca de 90 vezes ao longo da
sua carreira.
Além de obras de Verdi,
Bizet e Rossini surgem-nos
ainda actuações de Callas na
Ópera de Paris, cidade onde
morreu aos 53 anos, em Setembro
de 1977. ■
Novembro 2007 TempoLivre 39