19.04.2013 Views

Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras

Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras

Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

si<strong>de</strong>nte no caminho para o bon<strong>de</strong> <strong>da</strong>s Águas Férreas, que o levaria à sua casa do<br />

Cosme Velho. Machado mu<strong>da</strong> o rumo rotineiro do percurso e <strong>de</strong>svia para a<br />

Rua <strong>da</strong> Assembléia. Entra numa cervejaria. Braço erguido, simplesmente<br />

aponta para um quadro que, na pare<strong>de</strong>, exibia a figura do candi<strong>da</strong>to, a cara rubra,<br />

os bigo<strong>de</strong>s retorcidos, à mão um amplo copo <strong>de</strong> cerveja. Sem uma palavra,<br />

retorna à rua e ao caminho do bon<strong>de</strong>. Era o fim <strong>da</strong>s pretensões do poeta.<br />

A sutileza não elimina a obstinação com que cuidou <strong>da</strong> candi<strong>da</strong>tura e <strong>da</strong><br />

eleição do seu querido amigo Mário <strong>de</strong> Alencar. Marca<strong>da</strong>s as gestões, entretanto,<br />

pela discrição, traço forte <strong>de</strong> seu comportamento. Faz política, como<br />

não podia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser. Mas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que “na <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> não há nem <strong>de</strong>ve haver<br />

grupos fechados”.<br />

As eleições <strong>da</strong> Casa já mobilizavam a imprensa, sinal <strong>de</strong> sua relevância. A do<br />

filho <strong>de</strong> José <strong>de</strong> Alencar provocou reações, assim relata<strong>da</strong>s por R. Magalhães<br />

Júnior:<br />

“O Correio <strong>da</strong> Manhã <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> novembro atacou a eleição <strong>de</strong> Mário, apresentando-a<br />

como o resultado <strong>da</strong> intensa cabala <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> pelo Barão do<br />

Rio Branco, através <strong>de</strong> seus lugares-tenentes, Graça Aranha e Domício <strong>da</strong><br />

Gama. Emílio <strong>de</strong> Meneses publicou n’A Tribuna um soneto satírico, dizendo<br />

que o novo acadêmico, enfant-prodige <strong>da</strong> burocracia, saíra <strong>da</strong> ‘panelinha’ <strong>da</strong><br />

literatura e, embora Mário <strong>de</strong> Alencar tivesse, ao ser eleito, 33 anos, pintava-o<br />

como um garoto, tendo por pecúlio ‘calças curtas, a lousa, o abecedário<br />

/ e o primeiro exemplar do Tico-Tico! ’. Alcindo Guanabara, escrevendo em<br />

O País, também <strong>de</strong>plorou o resultado <strong>da</strong> eleição, censurando principalmente<br />

seu colega João Ribeiro, que dissera pouco antes: ‘Presume-se que a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />

é uma consagração pelos trabalhos feitos. Aqui não é lugar dos que<br />

principiam.’ Para Alcindo, Mário era um principiante, não po<strong>de</strong>ndo haver<br />

hesitação na escolha entre ele e Domingos Olímpio, com ‘uma longa vi<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> publicista e <strong>de</strong> romancista’. Contudo, João Ribeiro votou em Mário...” 27<br />

27 Vi<strong>da</strong> e obra <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis, Apogeu, pp. 242-43.<br />

Machado <strong>de</strong> Assis e a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />

127

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!