Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
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Alberto Venancio Filho<br />
Na poesia social compôs as coletâneas Visões do abismo e Vergastas, posteriores<br />
<strong>de</strong> alguns anos a seus primeiros livros, que são respectivamente <strong>de</strong> 1888 e<br />
1889. Libelos contra a Monarquia, poesias políticas, não são talvez as melhores<br />
coisas <strong>de</strong> Lúcio poeta, embora seja um dos aspectos mais <strong>de</strong>finidos em seu<br />
caráter, pela combativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que lhes <strong>de</strong>u origem.<br />
Importantes são as Canções <strong>de</strong> outono, <strong>de</strong> 1896, versos mais maduros, reunidos<br />
em 1902 em Murmúrios e clamores – Poesias reuni<strong>da</strong>s. Múcio Leão aponta a duplici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
do título: murmúrios: feições líricas, apaixona<strong>da</strong>s; clamores: o que há<br />
<strong>de</strong> revolta e revolucionário, e doutrinador político.<br />
Sobre o poeta dizia Me<strong>de</strong>iros e Albuquerque, comentando Murmúrios e clamores:<br />
“Deu-nos um belo livro. A varie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a abundância <strong>da</strong>s composições<br />
seleciona<strong>da</strong>s permitem ver em plena luz todo o valor do talento poético <strong>de</strong> Lúcio,<br />
o que não fazia nenhuma <strong>da</strong>s coleções particulares até agora publica<strong>da</strong>s<br />
por ele.”<br />
José Veríssimo acentua-lhe o aspecto social:<br />
“As preocupações sociais foram um momento na sua vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> poeta e<br />
para melhor caracterizá-la é preciso notar que foram <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> oposição<br />
política. São uma poesia intencional, queri<strong>da</strong>, sem a espontanei<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
do seu lirismo sentimental, pouco intenso mas legítimo, e que a correção <strong>da</strong><br />
forma <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as ‘Alvora<strong>da</strong>s’ aju<strong>da</strong>va a <strong>da</strong>r relevo.”<br />
Confirmava Silvio Romero ao dizer que “Lúcio <strong>de</strong> Mendonça foi o criador<br />
<strong>da</strong> poesia social em nossa terra”.<br />
E Araripe Júnior acentuou o caráter nacional <strong>de</strong> sua poesia:<br />
“A sua inspiração é profun<strong>da</strong>mente brasileira. Se no fundo <strong>da</strong> tela do seu<br />
espírito pressentimos a existência <strong>de</strong> uma névoa <strong>de</strong> ironia, não é difícil perceber<br />
que essa ironia é dissolvi<strong>da</strong> sempre numa joviali<strong>da</strong><strong>de</strong>, muito conheci<strong>da</strong><br />
dos amigos que lhes monopolizavam as palestras. Por exceção e atraído<br />
pela meditação dos poetas preocupados com a metafísica. Bem <strong>de</strong>pressa,<br />
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