Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
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Alberto Venancio Filho<br />
Obra literária<br />
O nosso saudoso confra<strong>de</strong> Múcio Leão, na brilhante conferência que pronunciou<br />
no centenário <strong>de</strong> nosso homenageado, afirmou que “a personali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Lúcio <strong>de</strong> Mendonça po<strong>de</strong> ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong> vários ângulos: a do homem <strong>de</strong><br />
letras, a do político, a do jornalista, a do homem <strong>de</strong> ação social ou espiritual”.<br />
São alguns <strong>de</strong>sses aspectos que versaremos nesta conferência.<br />
Sílvio Romero, na História <strong>da</strong> literatura brasileira, assinala o movimento <strong>de</strong> reação<br />
ao Romantismo, com a expansão ao mesmo tempo <strong>da</strong> escola filosófica,<br />
que chamou <strong>de</strong> escola realístico-social, incluindo entre outros os nomes <strong>de</strong><br />
Celso Magalhães, Genuíno dos Santos, Souza Pinto, Carvalho Júnior, Fontoura<br />
Xavier, Lúcio <strong>de</strong> Mendonça, Assis Brasil e Augusto <strong>de</strong> Lima e Me<strong>de</strong>iros<br />
e Albuquerque também se filiando a esse grupo.<br />
Ronald <strong>de</strong> Carvalho examina, em 1870, a corrente hugoana e afirma que<br />
“com os nomes <strong>de</strong> Lúcio <strong>de</strong> Mendonça, Celso Magalhães, Fontoura Xavier, e<br />
dos Srs. Augusto <strong>de</strong> Lima e Me<strong>de</strong>iros e Albuquerque, excelentes poetas, teremos<br />
apontados os principais representantes <strong>da</strong>s <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iras correntes literárias<br />
que prece<strong>de</strong>ram aqui os primeiros albores do parnasianismo”.<br />
Na Formação <strong>da</strong> literatura brasileira Antonio Candido expõe que nessa fase alguns<br />
poetas<br />
“se opunham à i<strong>de</strong>ologia espiritualista e a todo o acervo <strong>de</strong> idéias e comportamentos<br />
próprios dos românticos, e já em pleno <strong>de</strong>clínio, <strong>de</strong>clararam-se<br />
anti-românticos e iniciadores <strong>da</strong> poesia nova. A perspectiva que nos dão<br />
hoje quase oitenta anos permite situá-los com maior objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, fazendo<br />
menor conta <strong>da</strong>s suas alegações e certezas: são românticos <strong>de</strong>senquadrados,<br />
sem serem qualquer coisa <strong>de</strong> <strong>de</strong>finido, <strong>de</strong> tal forma a po<strong>de</strong>rmos consi<strong>de</strong>rá-los,<br />
no conjunto, uma geração praticamente perdi<strong>da</strong>.<br />
[...]<br />
Alguns recuam, outros seguem as correntes novas [...] outros fincam pé e<br />
se per<strong>de</strong>m para a poesia, incapazes <strong>de</strong> sentir as tendências essenciais do pró-<br />
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