Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Cícero Sandroni<br />
o jovem Alcindo Guanabara então com 22 anos. Artur Motta justifica o fato<br />
do jornalista aceitar o convite: “Em matéria <strong>de</strong> abolicionismo o jovem jornalista<br />
manifestava-se pru<strong>de</strong>nte e reservado. Pon<strong>de</strong>rava conseqüências, aduzia argumentos<br />
baseados em ampla documentação, encarando os problemas econômicos<br />
e a situação <strong>da</strong> lavoura, se se visse priva<strong>da</strong> repentinamente do trabalho<br />
dos escravos.”<br />
Por melhores que fossem os argumentos <strong>de</strong> Alcindo para a<strong>de</strong>rir à i<strong>de</strong>ologia<br />
escravocrata, não conseguiu escapar <strong>da</strong> crítica dos amigos abolicionistas, embora<br />
para a parte literária do seu jornal tenha atraído nomes do quilate <strong>de</strong> Coelho<br />
Neto e Artur Azevedo. Também Cruz e Sousa escreveu para o Novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>da</strong> abolição. Mas mesmo a libertação dos escravos, a 13 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />
1888, não abalou as convicções <strong>de</strong> Alcindo. Odylo Costa, filho, em testemunho<br />
<strong>da</strong>do em sessão <strong>da</strong> <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> que homenageava o jornalista, afirmou:<br />
“Alcindo teve a coragem <strong>de</strong> escrever, no dia 13 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1888, um artigo<br />
dizendo que era o único jornalista, no Brasil, que tinha sido contra a<br />
Abolição. Ora, um homem que tem a coragem, no dia <strong>da</strong> confraternização<br />
nacional, no dia em que todo o Brasil pensava <strong>da</strong> mesma maneira, a não ser<br />
os fazen<strong>de</strong>iros ressentidos que iam <strong>de</strong>pois passar para a República, <strong>de</strong> escrever<br />
e assinar ter sido o único jornalista contrário à Abolição, não po<strong>de</strong> ser<br />
consi<strong>de</strong>rado venal.”<br />
Na déca<strong>da</strong> final do século XIX a imprensa do Rio <strong>de</strong> Janeiro viveu momentos<br />
<strong>de</strong> transformação e muita polêmica. Nelson Werneck Sodré registra que<br />
naquele tempo os jornais <strong>de</strong> maior circulação no Rio <strong>de</strong> Janeiro eram a Gazeta<br />
<strong>da</strong> Tar<strong>de</strong>, oCorreio <strong>da</strong> Tar<strong>de</strong>, O País, aGazeta <strong>de</strong> Notícias eoJornal do Commercio. O<br />
Jornal do Brasil, fun<strong>da</strong>do por Rodolfo Dantas, <strong>da</strong>va os seus primeiros passos. Os<br />
dois últimos citados são os sobreviventes <strong>da</strong>quele grupo, sendo quea1<strong>de</strong>outubro<br />
<strong>de</strong>ste ano, 2004, o Jornal do Commercio completará 177 anos <strong>de</strong> existência;<br />
hoje é o mais antigo jornal na América do Sul com circulação ininterrupta <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
que fun<strong>da</strong>do, em 1827, por Pierre Plancher. O Diário <strong>de</strong> Pernambuco que o<br />
66