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Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras

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Lúcio <strong>de</strong> Mendonça, o fun<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> ABL<br />

punho, ameaçando colegas <strong>de</strong> jornalismo e prometendo panca<strong>da</strong>ria velha a um<br />

moço estreante.”<br />

Porque estava <strong>de</strong> “pau em punho”, Lúcio <strong>de</strong> Mendonça <strong>de</strong>sferiu contra o<br />

novo adversário valentes bordoa<strong>da</strong>s: “Este sen<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> imprensa, lastimosamente<br />

atrelado ao carroção do Dia-a-Dia, para se consolar do tédio <strong>de</strong> que<br />

vive nos matando, usa escoucear para o meu lado. Preciso tirar-lhe o sestro.”<br />

Assim, <strong>de</strong> ímpeto, Lúcio atacava o aliado <strong>de</strong> Félix Pacheco. E prosseguindo:<br />

“Se não fosse tão má besta, teria entendido que só em represália a uma<br />

ameaça <strong>de</strong> agressão física escrevi, no artigo a que alu<strong>de</strong>, que eu também possuía<br />

bengala e era capaz <strong>de</strong> a aplicar eficazmente. – Agora, outra <strong>de</strong>claração<br />

não menos misericordiosa: compa<strong>de</strong>ço-me, dia a dia, do enfezado clown que<br />

diariamente tortura o pobre coco baiano na faina estéril <strong>de</strong> ser engraçado à<br />

força; talvez com a fricção <strong>de</strong>stas linhas lhe chegue calor à prosa mosca-morta<br />

e barata-<strong>de</strong>scasca<strong>da</strong>. – Sempre é um serviço a quem o atura.”<br />

Parece que Constâncio Alves <strong>de</strong>sistiu, e a discussão ficou por aí, com a vitória<br />

<strong>de</strong> Lúcio <strong>de</strong> Mendonça.<br />

Na expressão <strong>de</strong> José Veríssimo:<br />

“... Eu não conheço, no nosso meio, sob o aspecto <strong>da</strong> língua ao menos,<br />

ninguém mais bem dotado literariamente do que o Sr. Lúcio <strong>de</strong> Mendonça.<br />

Ele possui como poucos o dom <strong>da</strong> expressão literária, reunindo em grau subido<br />

a correção, a elegância e a facili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Sente-se, lendo-o, em qualquer<br />

gênero, que a sua língua, como dizem os franceses, ‘coule <strong>de</strong> source’, abun<strong>da</strong>nte,<br />

límpi<strong>da</strong>, areja<strong>da</strong>, brilhante. Tem um singular e invejável dom <strong>de</strong> escrita fácil,<br />

natural, espontânea, mas eminentemente literária.”<br />

Segundo Me<strong>de</strong>iros e Albuquerque: “A Lúcio <strong>de</strong> Mendonça se aplicava perfeitamente<br />

a frase <strong>de</strong> Anatole France ‘sont toujours les mêmes qui font tout’, porque<br />

ele fez realmente <strong>de</strong> tudo. Deixou contos admiráveis, poesias excelentes, trabalhos<br />

jurídicos e fez críticas literárias e foi juiz e jornalista.”<br />

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