Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
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Cícero Sandroni<br />
um press-release, para lembrar aos jornalistas <strong>de</strong> então a importância <strong>da</strong>quela sessão<br />
inaugural que só um profeta po<strong>de</strong>ria prever. Embora um dos fun<strong>da</strong>dores,<br />
Urbano Duarte, fosse à época re<strong>da</strong>tor do Jornal do Commercio, é até compreensível<br />
o pouco interesse pelo evento, por parte <strong>de</strong> um diário que no dia 1 <strong>de</strong> outubro<br />
<strong>da</strong>quele 1897 completaria 70 anos <strong>de</strong> existência e já acompanhara várias tentativas<br />
<strong>de</strong> fun<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> instituições congêneres <strong>de</strong>sapareci<strong>da</strong>s na poeira do <strong>de</strong>sinteresse<br />
e na falta <strong>de</strong> pecúnia. Mas vale dizer que, com o correr do tempo, as relações<br />
do Jornal do Commercio com a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> se estreitaram, ao ponto do Jornal vir<br />
a ser, mais tar<strong>de</strong>, quase o órgão oficial <strong>da</strong> instituição, tantos os jornalistas que <strong>da</strong><br />
sua re<strong>da</strong>ção passaram para a ilustre companhia.<br />
Segundo informa a ata <strong>da</strong> primeira reunião, manuscrita por Rodrigo Octavio,<br />
o primeiro secretário-geral, apenas 16 dos fun<strong>da</strong>dores estavam presentes à<br />
sessão inaugural. Dois justificaram a ausência por carta: Lúcio <strong>de</strong> Mendonça,<br />
como já nos informou Alberto Venancio Filho, na conferência <strong>da</strong> semana passa<strong>da</strong>,<br />
e Valentim Magalhães. “Achavam-se ausentes <strong>de</strong>sta ci<strong>da</strong><strong>de</strong>”, segundo se<br />
lê na caligrafia perfeita <strong>de</strong> Rodrigo Octavio, doze acadêmicos. Outros <strong>de</strong>z,<br />
presentes nesta ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, entre os quais Alcindo Guanabara, <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> comparecer,<br />
sem informar a razão <strong>da</strong> ausência. Alcindo completara 32 anos na véspera<br />
<strong>da</strong> primeira reunião <strong>da</strong> <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>, e por mais anima<strong>da</strong> que tenha sido a festa<br />
<strong>de</strong> aniversário, o regabofe não chegaria a ser razão para justificar a sua ausência.<br />
Não citarei nomes dos outros ausentes, escritores importantes. Certamente tiveram<br />
motivos imperiosos para não comparecer e não informar a razão pela qual<br />
não compareceram; é bom lembrar que naquele tempo ain<strong>da</strong> não havia o jeton.<br />
Quase todos os membros fun<strong>da</strong>dores <strong>da</strong> <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong><br />
eram jornalistas ou colaboravam em jornais. Seria impossível falar sobre todos<br />
eles. Escolhi Alcindo Guanabara por ter sido jornalista durante to<strong>da</strong> a sua<br />
vi<strong>da</strong>. Profissional <strong>da</strong> imprensa completo, tornou-se vítima <strong>de</strong> incompreensões,<br />
que o levaram à prisão, e <strong>de</strong> calúnias, algumas <strong>da</strong>s quais se repetiram em forma<br />
<strong>de</strong> anedota até <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua morte e ain<strong>da</strong> perduram no anedotário do jornalismo<br />
carioca. E mais: chegou à política e à administração pública sem jamais<br />
abandonar as re<strong>da</strong>ções. Gustavo Barroso, terceiro ocupante <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira fun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
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