Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Machado <strong>de</strong> Assis e a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />
assegura sua presença no comando do po<strong>de</strong>r público. Inicia-se, paralelamente,<br />
um proletariado urbano.<br />
A burguesia emergente trava contato com as idéias dominantes no mundo<br />
europeu <strong>de</strong> então. Conscientiza-se <strong>da</strong> importância do conhecimento, como estratégia<br />
<strong>de</strong> ascensão social. Ganha novos matizes. Formam-se médicos, militares,<br />
engenheiros. A<strong>da</strong>ptam-se as novas tendências do pensamento europeu à<br />
reali<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira. É tempo, inclusive, <strong>de</strong> reformas, sobretudo no ensino. E<br />
essas reformas repercutem necessariamente no processo <strong>de</strong> formação dos novos<br />
profissionais.<br />
As mu<strong>da</strong>nças na estrutura social, a emergência <strong>de</strong>ssa nova burguesia, alimenta<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> saberes, a nova dinâmica oriun<strong>da</strong> dos antagonismos com os grupos<br />
senhoriais, não <strong>de</strong>terminam, mas condicionam concomitantes alterações<br />
na política e na arte, em especial no tratamento e na recepção <strong>da</strong> literatura. E<br />
mu<strong>da</strong>, em <strong>de</strong>corrência, o público e o gosto do público.<br />
Vale <strong>de</strong>stacar alguns acontecimentos históricos vinculados ao novo perfil<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que marcam a segun<strong>da</strong> meta<strong>de</strong> do século XIX no país:<br />
1. A abolição dos escravos mobiliza a emoção nacional e leva a mu<strong>da</strong>nças<br />
nos rumos <strong>da</strong> economia.<br />
2. A Guerra do Paraguai reacen<strong>de</strong> o sentimento <strong>de</strong> nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Traz coesão<br />
e estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ao Exército, que não mereceu a participação nem o entusiasmo<br />
dos senhores rurais, e cuja relevância como po<strong>de</strong>r o civilismo <strong>da</strong> monarquia<br />
agrária não soube perceber: é <strong>de</strong> representantes <strong>da</strong> classe média emergente<br />
que se faz o contingente <strong>de</strong> oficiais, quer os formados na Escola Militar, quer<br />
os forjados na carreira <strong>da</strong> caserna.<br />
3. Instaura-se a Questão Religiosa, resultante do conflito entre as pretensões<br />
<strong>de</strong> autonomia do catolicismo oficial e as exigências do tradicional posicionamento<br />
do Governo, <strong>de</strong>fensor <strong>da</strong> ingerência dos chefes <strong>de</strong> estado nos assuntos<br />
<strong>de</strong> religião. Mobiliza-se o espírito liberal. Emergem questionamentos.<br />
A tranqüili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> fé se vê abala<strong>da</strong>.<br />
Esses e outros fatos configuram efetivamente um momento <strong>de</strong> crise, em que<br />
a hostili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos senhores <strong>de</strong> engenho, agrava<strong>da</strong> pela não-in<strong>de</strong>nização pela<br />
101