Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Nabuco, acadêmico e diplomata<br />
ções acadêmicas, graceja com as hesitações <strong>de</strong> Jaceguai, e con<strong>de</strong>na a formação<br />
<strong>de</strong> grupelhos internos na <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>: “O meu voto para a vaga do Patrocínio é<br />
para o Jaceguai. Acho que ele <strong>de</strong>ve apresentar-se. Não compreendo que ele,<br />
que não teve medo <strong>de</strong> passar Humaitá, o tenha <strong>de</strong> atravessar a praia <strong>da</strong> Lapa<br />
(rumo ao prédio do Silogeu, on<strong>de</strong> então se alojava a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>, no local em que hoje se encontra o<br />
Instituto Histórico). Se ele não for candi<strong>da</strong>to e o Artur Orlando o for, votarei neste.<br />
Seria lastimável se as candi<strong>da</strong>turas as mais brilhantes que em nosso país<br />
possam surgir, como essas, recuarem diante <strong>de</strong> qualquer suspeita <strong>de</strong> haver na<br />
<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> grupos formados, e fechados. Devemos torná-la nacional.”<br />
No mês <strong>de</strong> outubro, o embaixador informaria Magalhães <strong>de</strong> Azeredo, em<br />
Roma, que man<strong>da</strong>ra, “pelo telégrafo, o [...] voto em favor do Mário <strong>de</strong> Alencar.<br />
Pago assim a minha dívi<strong>da</strong>, ou antes, expio a minha falta para com o pai”,<br />
José <strong>de</strong> Alencar, cuja obra Nabuco criticara severamente na moci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Em 1906, Joaquim Nabuco presidiria, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, a 3 a Conferência<br />
Pan-Americana, à qual conseguiu trazer o secretário <strong>de</strong> Estado Elihu Root.<br />
Era a primeira vez em que um chefe <strong>da</strong> diplomacia americana se <strong>de</strong>slocava dos<br />
Estados Unidos. A pedido <strong>de</strong> Nabuco, Rio Branco obtivera do Presi<strong>de</strong>nte<br />
Rodrigues Alves <strong>da</strong>r o nome <strong>de</strong> Palácio Monroe ao pavilhão on<strong>de</strong> se efetuava a<br />
Conferência. De regresso ao seu posto diplomático, o nosso embaixador em<br />
Washington, sem o saber, <strong>de</strong>spedia-se para sempre do Brasil.<br />
Data<strong>da</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1907, nova carta <strong>de</strong> Nabuco a Machado, vin<strong>da</strong> <strong>da</strong> capital<br />
americana, mantinha a preferência pelos mesmos candi<strong>da</strong>tos anteriores às<br />
eleições acadêmicas: “O meu voto é pelo Dr. Artur Orlando, se ele for o único<br />
candi<strong>da</strong>to, e, tendo competidores, ain<strong>da</strong> é <strong>de</strong>le, exceto se os competidores forem<br />
o Assis Brasil e o Jaceguai, que têm compromisso meu anterior em cartas<br />
escritas a V. mesmo. Não me <strong>de</strong>ixe o Dr. Orlando naufragar sem uma combinação<br />
que lhe garanta a eleição para a futura vaga. Um homem como ele po<strong>de</strong><br />
ser vencido numa eleição acadêmica, não po<strong>de</strong>, porém, ser <strong>de</strong>rrotado sem pesar<br />
para os eleitores. A nossa balança é <strong>de</strong> pesar ouro somente. Ele mesmo, estou<br />
certo, não se aborreceria <strong>de</strong> ser segun<strong>da</strong> escolha em competição com o Dr.<br />
Assis Brasil, que já teve uma (ou duas?) non réussites. Eu <strong>de</strong>sejava-lhe, entretanto,<br />
95