19.04.2013 Views

Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras

Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras

Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Lúcio <strong>de</strong> Mendonça, o fun<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> ABL<br />

Em 1872, aos <strong>de</strong>zoito anos, publica o livro <strong>de</strong> poesias Névoas matutinas, com<br />

carta-prefácio <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis, que tem palavras <strong>de</strong> louvor, sendo tão<br />

avaro em elogios:<br />

“O público vai examinar por si mesmo o livro. Reconhecerá o talento do<br />

poeta, a brandura do seu verso (que por isso mesmo não se a<strong>da</strong>pta aos assuntos<br />

políticos, <strong>de</strong> que há algumas estâncias neste livro), e saberá escolher<br />

entre estas flores as mais belas, <strong>da</strong>s quais algumas mencionarei, como sejam:<br />

‘Tu, Campesina’, ‘A Volta’, ‘Galope Infernal’.”<br />

E em leve tom doutoral:<br />

“Se, como eu suponho, for o seu livro, recebido com as simpatias e animações<br />

que merece, não durma sobre os louros. Não se contente com uma<br />

ruidosa nomea<strong>da</strong>; reaja contra as sugestões complacentes do seu próprio espírito;<br />

aplique o seu talento a um estudo continuado e severo; seja enfim, o<br />

mais austero crítico <strong>de</strong> si mesmo.”<br />

No prefácio <strong>de</strong> Alvora<strong>da</strong>s, publicado em 1875, ao lado <strong>da</strong> poesia lírica, um<br />

sopro <strong>de</strong> inspiração hugoana, disse ele:<br />

“Alvora<strong>da</strong>s, chamam-se esses versos que nem tem a luz, nem as harmonias<br />

do amanhecer... Serão como as madruga<strong>da</strong>s chuvosas – <strong>de</strong>sconsola<strong>da</strong>s,<br />

mu<strong>da</strong>s e monótonas.<br />

Alvora<strong>da</strong>s são também os toques militares com que se <strong>de</strong>spertam do<br />

sono os sol<strong>da</strong>dos... Não po<strong>de</strong>rão chamar-se assim os clamores <strong>da</strong> minha<br />

poesia, os observa sentinela republicana, bra<strong>da</strong>ndo aos sol<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> causa<br />

santa que é o tempo <strong>de</strong> acor<strong>da</strong>r.<br />

Tais são as minhas alvora<strong>da</strong>s, harmonias do coração e do espírito, tributo<br />

<strong>de</strong> amor sincero e <strong>de</strong> convicção profun<strong>da</strong>, que <strong>de</strong>ponho aos pés <strong>de</strong> dois<br />

ídolos <strong>da</strong> minha moci<strong>da</strong><strong>de</strong>, minha mulher e a República.”<br />

23

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!