Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
Ciclo Origens da Academia - Academia Brasileira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Alcindo Guanabara e o jornalismo do seu tempo<br />
fistofélico –, sugeriu um dia a Alcindo Guanabara que raspasse a barba cerra<strong>da</strong>,<br />
<strong>de</strong>ixando apenas o bigo<strong>de</strong>.<br />
– De modo algum! – protestou Alcindo.<br />
E justificando-se:<br />
– Estas barbas são mais <strong>da</strong> meta<strong>de</strong> <strong>da</strong> minha carreira política...”<br />
Em meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1890 as mu<strong>da</strong>nças nos jornais não paravam. Ferreira<br />
<strong>de</strong> Araújo escreveu no dia 2 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1895:<br />
“A Gazeta <strong>de</strong> Notícias iniciou na imprensa do Rio, com o serviço <strong>de</strong> zincografia,<br />
os ‘bonecos’ como o público lhes chama, tendo ain<strong>da</strong> há pouco tempo<br />
como seu <strong>de</strong>senhista um professor <strong>da</strong> <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>de</strong> Belas Artes, Belmiro<br />
<strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>, que lhe forneceu excelentes páginas; o zincógrafo é o Cardoso,<br />
por assim dizer um discípulo <strong>da</strong> Gazeta. Mais tar<strong>de</strong>, a Gazeta começa a publicar<br />
portrait-charges, <strong>de</strong> políticos e homens <strong>de</strong> letras, com a série <strong>de</strong> Caricaturas<br />
Instantâneas, <strong>de</strong> Lúcio <strong>de</strong> Mendonça, e com os bonecos <strong>de</strong> Julião Machado.”<br />
No seu livro A vi<strong>da</strong> contraditória <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis, Elói Pontes pinta assim<br />
essa fase:<br />
“A imprensa do tempo, redigi<strong>da</strong> por homens <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, jornalistas <strong>de</strong><br />
vocação, ardorosos e intrépidos, tem prestígio extraordinário. Ferreira <strong>de</strong><br />
Araújo, Rui Barbosa, Quintino Bocaiúva, Alcindo Guanabara, José do Patrocínio<br />
são dominadores sem contrastes. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> é favorável às <strong>de</strong>masias <strong>de</strong><br />
quantos trabalham na imprensa. Os <strong>de</strong>bates se faziam na Rua do Ouvidor,<br />
aqui, ali, acolá, nas portas <strong>da</strong>s lojas, nas mesas dos cafés, nas confeitarias.”<br />
De 1899 a 1902, época <strong>de</strong> Campos Sales, Alcindo tornou-se o gran<strong>de</strong> jornalista<br />
<strong>da</strong> situação e lançou, após o quatriênio, o livro apologético, mas muito<br />
bem fun<strong>da</strong>mentado, A Presidência <strong>de</strong> Campos Sales. Fundou A Nação, com artigos<br />
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia do programa socialista. Trabalhou em O Dia e publicou, sob o<br />
pseudônimo <strong>de</strong> Pangloss, ótimas páginas literárias. Colaborou em A Universal<br />
69