O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro
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Jânio Quadros (PTB) não chegou a ser <strong>de</strong>cepcionante, confirmando apenas o papel ridículo que<br />
<strong>de</strong>sempenha nessa campanha. Repetindo velhos e carcomidos estereótipos eleitorais, posou na televi-<br />
são como se estivesse saindo <strong>de</strong> um sarcófago jurídico-gramatical. Suas intervenções (não fôssemos<br />
ataques virulentos ao candidato do PMDB) teriam enfadado os telespectadores, pela sensação <strong>de</strong><br />
filme antigo, <strong>de</strong> cena <strong>de</strong>modée. Jânio repetiu Jânio até á exaustão. . . E, por isso, irritou, <strong>de</strong>primiu,<br />
aborreceu.<br />
É pena que os <strong>de</strong>bates não tenham ajudado a <strong>de</strong>finir a personalida<strong>de</strong> comunicativa dos candida-<br />
tos. A sua contribuição esteve principalmente na i<strong>de</strong>ntificação das respectivas propostas governamen-<br />
tais. Vamos esperar pelo fim da Lei Falcão para po<strong>de</strong>r conhecer esse outro lado do processo político.<br />
Tomara que isso venha a ocorrer.<br />
NO DEBATE, OS JORNALISTAS PERDERAM<br />
Regina Festa<br />
"Pela primeira vez, nas eleições <strong>de</strong> 82, ou pela primeira vez nos últimos vinte anos, para não dizer<br />
pela primeira vez na história republicana do Pafs, há um <strong>de</strong>bate com os candidatos ao governo do<br />
Estado <strong>de</strong> São Paulo, com todos os candidatos. Um <strong>de</strong>bate primeiro e único, porque logo mais, à<br />
meia-noite, entra em vigor o bloqueio da Lei Falcão". Com essas palavras, que revelam o triunfalismo<br />
da imprensa e do po<strong>de</strong>r da televisão, o jornalista Joelmir Beting abriu o <strong>de</strong>bate promovido pela Re-<br />
<strong>de</strong> Ban<strong>de</strong>irantes <strong>de</strong> Televisão e Folha <strong>de</strong> São Paulo, no passado dia 13 <strong>de</strong> setembro.<br />
A audiência do programa em São Paulo foi massiva, segundo os dados <strong>de</strong> pesquisa divulgados pos-<br />
teriormente, justificada não apenas pelo efetivo <strong>de</strong>sejo da população <strong>de</strong> participar do processo elei-<br />
toral, mas sobretudo pela persuasão feita por uma prévia campanha dos media patrocinadores do<br />
programa. A pergunta que fica é: será que o <strong>de</strong>bate satisfez à população?<br />
Efetivamente, o programa atingiu. Nos dias subseqüentes continuavam vivos os comentários so-<br />
bre a atuação dos candidatos nas ruas, bares, locais <strong>de</strong> trabalho, universida<strong>de</strong>s etc, consagrando uma<br />
vez mais a importância e o po<strong>de</strong>r da televisão como veículo articulador da chamada opinião públi-<br />
ca.<br />
Apesar disso, algumas questões ficaram ou nem entraram no ar. A primeira <strong>de</strong>las, refere-se ao tipo<br />
<strong>de</strong> perguntas feitas pelos jornalistas entrevistadores, que nesse programa foram os srs. Odon Pereira,<br />
secretário <strong>de</strong> redação da Folha, Ruy Lopes, diretor da sucursal da Folha em Brasília, José Augusto<br />
Ribeiro, analista <strong>de</strong> política nacional nos telejornais da TV Ban<strong>de</strong>irantes e Salomão Esper, comenta-<br />
rista do Jornal Gente da Rádio Ban<strong>de</strong>irantes. Teriam eles perguntado o que socieda<strong>de</strong> civil esperava<br />
saber dos candidatos?<br />
Para quem está lembrado, a Folha <strong>de</strong> São Paulo, na semana antes do programa informava aos<br />
seus leitores que cerca <strong>de</strong> duas mil perguntas para os candidatos haviam chegado à redação, trazen-<br />
do á tona a ansieda<strong>de</strong> da população. Pois bem, num breve exercício <strong>de</strong> síntese tentamos comparar<br />
as perguntas do povo, publicadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia 21 <strong>de</strong> setembro na nova seção da Folha "A Palavra<br />
do Eleitor" e as perguntas dirigidas petos jornalistas do programa aos candidatos ao governo <strong>de</strong><br />
São Paulo.<br />
Perguntas dos jornalistas: Depois das eleições é provável a união entre os partidos trabalhistas?<br />
Eu gostaria <strong>de</strong> ter um "sim" ou "não" dos candidatos, além do discurso: a política po<strong>de</strong> ou não<br />
matar? Se eleito o sr. será aquele opositor chapa branca a que se referiu tantas vezes o sr. Carlos<br />
Lacerda? O que os conservadores querem conservar e o que querem mudar/ Por que o sr. não com-<br />
pareceu aos outros <strong>de</strong>bates? Deputado, as pesquisas indicam que o sr. está em último lugar. .. Atri-<br />
bui isso á fraqueza do seu partido? A igreja tem se manifestado contra a venda <strong>de</strong> argumentos. . .<br />
Nesse assunto, sacerdotes e dirigentes partidários, dirigentes do PT, são também alma gêmea? O que<br />
o sr. aconselharia para quem tem uma pequena proprieda<strong>de</strong>. . .7 Qual a taxa <strong>de</strong> investimento da<br />
Prefeitura? Como evitar o risco <strong>de</strong> acabar <strong>de</strong>baixo das botas do general Jaruzelsky? Você está pre-<br />
parado para governar? O sr. acha que o general Figueiredo está incapacitado para governar São<br />
Paulo? O que o senhor acha da co-gestão na Polônia?<br />
Perguntas da população, encaminhadas à "Folha": O que o sr. preten<strong>de</strong> fazer contra o êxodo<br />
rural? Como o sr. preten<strong>de</strong> resolver a falta <strong>de</strong> apoio ao trabalhador do campo? Que provi<strong>de</strong>ncias<br />
Lula vai adotar quanto ao salário mínimo? O que o sr. preten<strong>de</strong> fazer para ajudar as classes sindi-<br />
calizadas? Como evitar tanto assalto e violência? Está disposto a publicar a <strong>de</strong>claração do seu Impos-<br />
to <strong>de</strong> Renda? Como resolver os baixos índices <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> salário do funcionalismo público?<br />
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