O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro
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dro atual e suas perspectivas, tem como única alternativa ao exercTcio imperialista a ascensão <strong>de</strong><br />
nosso capitalismo <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte á posição <strong>de</strong> um capitalismo <strong>de</strong> Estado dominante e, se le-<br />
vada á raiz essa perspectiva, à posição típica buscada pelo fascismo <strong>de</strong> um capitalismo <strong>de</strong> Estado<br />
autônomo, nacional e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />
Ora, é preciso superar essa concepção do Estado-nação como superfície <strong>de</strong> recepção transpa-<br />
parente, on<strong>de</strong> se imprimem os <strong>de</strong>sígnios do imperialismo tornado sujeito da história universal, é<br />
preciso retomar a metáfora da inversão e recolocar os pés sob a cabeça; ou seja, a transformação<br />
da problemática do imperialismo cultural como variante da dominação entre nações, que ten<strong>de</strong> a<br />
esfumar o problema efetivo da dominação internacional <strong>de</strong> classes. Com efeito, essa questão, cuja,<br />
formulação teórica está presente já em Lenin, não suprime a sobre<strong>de</strong>terminação políticoe i<strong>de</strong>ológi-<br />
ca que, em etapas anteriores, revestiam-se dos aspectos dominantes; apenas procura alertar para o<br />
equacionamento concreto da sua <strong>de</strong>terminação econômico-social, o que o próprio <strong>de</strong>senvolvimento'<br />
do processo permite na atualida<strong>de</strong>.<br />
Ingressamos numa época <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência generalizada à escala mundial, do conjun-<br />
to das classes e frações <strong>de</strong> classes populares ao conjunto das classes e frações <strong>de</strong><br />
classes . dominantes, bem como aos seus representantes, ou seja, ao Capital, é a dominação<br />
<strong>de</strong> classes que explica a dominação entre nações ou mundos, e não o inverso, <strong>de</strong> modo que a <strong>de</strong>pen-<br />
dência entre as nações resulta da supremacia da classe burguesa sobre as <strong>de</strong>mais a partir <strong>de</strong> uma pro-<br />
veniência histórica e sua manutenção a partir da <strong>de</strong>terminação da luta <strong>de</strong> classes internacional. As-<br />
sistimos, portanto, á transformação do processo histórico concreto da luta <strong>de</strong> classes em novas for-<br />
mas e escalas que <strong>de</strong>terminam a formação <strong>de</strong> diferentes sistemas dominantes/dominados, hegemôni-<br />
cos/subalternos (ainda que por vezes se confundam) na ca<strong>de</strong>ia imperialista entre os quais se estabele-<br />
cem novas relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendências. Nesse sentido, para fins <strong>de</strong> análise, distinguimos com Eduardo<br />
Fioravanti (El Capitalismo Monopolista Internacional, Barcelona, Península, 1977) os vetores funda-<br />
mentais <strong>de</strong>ssas novas relações;<br />
1) Relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência financeira;<br />
2) Relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência tecnológica;<br />
3) Relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência produtiva;<br />
4) Relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência comercial;<br />
5) Relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência cultural.<br />
Dessa forma, o problema da agressão e <strong>de</strong>pendência cultural dos países <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>ve ser<br />
recolocado conforme os diferentes níveis reconhecidos pela teorização marxista. Ou seja, distinguin-<br />
do os seguintes níveis:<br />
1) Nível econômico: pelo qual <strong>de</strong>terminadas formações sociais beneficiam-se das relações econô-<br />
micas <strong>de</strong>correntes da produção cultural e da produção <strong>de</strong> seus meios <strong>de</strong> produção (hard and softwa-<br />
re).<br />
2) Nível político: pelo qual <strong>de</strong>terminadas formações sociais, bem como <strong>de</strong>terminadas classes e<br />
frações <strong>de</strong> classes, beneficiam-se das modalida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> controle social traduzidos nos sistemas <strong>de</strong> co-<br />
municação e seus agenciamentos semióticos.<br />
3) Nível i<strong>de</strong>ológico: pelo qual certas classes e frações <strong>de</strong> clsses (para além da idéia <strong>de</strong> uma trans-<br />
missão <strong>de</strong> conteúdos <strong>de</strong> um país para outro) Impõe sua produção <strong>de</strong> sentido ao conjunto da socie-<br />
da<strong>de</strong>.<br />
A suposta i<strong>de</strong>ologia alienígena veiculada pelos media, a que se contraporia uma cultura nacional<br />
(uma i<strong>de</strong>ologia) não passa da i<strong>de</strong>ologia compartilhada pelas classes hegemônicas no conjunto do ca-<br />
pitalismo monopolista internacional. Que as particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa i<strong>de</strong>ologia tenham sido geradas<br />
numa ou outra formação social trata-se <strong>de</strong> um problema <strong>de</strong> proveniência histórica; que elas possam<br />
ser contestadas ou substituídas nas diferentes socieda<strong>de</strong>s por outros tipos <strong>de</strong> agenciamentos i<strong>de</strong>oló-<br />
gicos trata-se <strong>de</strong> um problema que tão somente a análise das estratégias sociais por vir po<strong>de</strong>rão apon-<br />
tar que cabe aos movimentos sociais efetivar no processo <strong>de</strong> suas lutas.<br />
ESTU<strong>DO</strong>S INICIAIS INTERESSANTES SOBRE AMÉRICA LATINA<br />
Ciro Marcon<strong>de</strong>s Filho<br />
[CADERNOS INTERCOM 3 - Comunicação Latino-Americana: Reforma/Revolução. São Paulo:<br />
Cortez/lntercom, 1982 80 p.)<br />
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