19.04.2013 Views

O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

elação á proprieda<strong>de</strong> dos meios <strong>de</strong> comunicação, nos leva à errônea concepção <strong>de</strong> que as práticas e<br />

as funções <strong>de</strong> ambas sejam iguais, o que conduz a graves erros estratégicos no uso dos meios.<br />

Os erros cometidos pela política em relação aos meios <strong>de</strong> comunicação são explicados na praticai<br />

por Valdir Mengardo no seu texto sobre o Chile ("Chile: Cultura Popular e Inovação nos Meios <strong>de</strong><br />

Comunicação <strong>de</strong> Massa"). Trata-se <strong>de</strong> um breve apanhado, claro, ainda que com algumas incorreções<br />

na sua <strong>de</strong>scrição do processo ocorrido no Chile durante o governo <strong>de</strong> Salvador Allen<strong>de</strong>. A cultura<br />

popular não era, como diz Mengardo, a viga mestra da política cultural do governo da Unidad Popu-<br />

lar (p. 33); na verda<strong>de</strong> a política se centrava no "homem médio", a busca dos padrões <strong>de</strong> gosto pe-<br />

queno burgueses satisfeitos pela cultura <strong>de</strong> consumo nos mass media. Allen<strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> fazer<br />

uma melhor política por estar <strong>de</strong> "mãos atadas" (p. 36). Uma política cultural marginal efetiva se.<br />

<strong>de</strong>senvolvia nas periferias <strong>de</strong> Santiago e o governo da UP além <strong>de</strong> não apoiá-la, a reprimia. Tampou-<br />

co <strong>de</strong>corre o fracasso da comunicação por "falta <strong>de</strong> organicida<strong>de</strong> da uma confrontação política tipo<br />

'frente popular' " (p. 41). o que seria, novamente, atribuir-se fracassos <strong>de</strong> homens e partidos a cau-<br />

sas externas, das coisas em si, como se não tivesse sido a própria UP que tivesse afundado o barco<br />

com sua tímida política <strong>de</strong> concessões e submissões. A burguesia chilena nao se viu "obrigada a as-<br />

sociar-se ás multis como diz o texto; ela própria tinha o po<strong>de</strong>r nas mãos e <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou por conta<br />

própria greves, campanhas, sabotagens e tudo o mais, sendo estrategicamente apoiada pelo capital<br />

americano e pela polícia política americana.<br />

O processo chileno não foi exemplar pelo que Allen<strong>de</strong> e a UP fizeram, mas sim pelas lições que.<br />

<strong>de</strong>ixaram, do quanto se podia fazer e não se fez, dos furos da política do "socialismo via institui-<br />

ções" <strong>de</strong>ntro do contexto chileno e principalmente pelo fracasso da política e da comunicação dos<br />

grupos associados ao po<strong>de</strong>r.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma política em relação aos mass media que ficou muito aquém da iniciativa peruana<br />

(<strong>de</strong>scrita por Regina Festa: "Peru: Burguesia (Re) Expropria Imprensa Nacionalista"), on<strong>de</strong> o gover-<br />

no, após esvaziar o po<strong>de</strong>rio da economia e dos grupos políticos <strong>de</strong>cisivos, aí então <strong>de</strong>cidiu implantar<br />

a reforma da imprensa. Sem tais radicalismos não se consegue nenhuma <strong>de</strong>finição e afirmação políti-<br />

ca interna e externamente. Regina Festa ilustra rapidamente as características básicas do processo<br />

(antece<strong>de</strong>ntes, roforma da imprensa, dia-a-dia dos diários, equívocos) e seu encerramento. Fica <strong>de</strong>-<br />

vendo ao leitor a ilustração <strong>de</strong> como ocorreu a reforma da imprensa do lado do povo, no trabalho<br />

em cooperativas, nas formas <strong>de</strong>mocráticas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que se pretendia <strong>de</strong>senvolver nas bases. Será<br />

que tudo só se tratou mesmo <strong>de</strong> uma "reforma <strong>de</strong> cima para baixo" ou o povo pô<strong>de</strong> com isso tam-<br />

bém começar a articular suas lutas e campanhas <strong>de</strong> uma forma mais <strong>de</strong>cisiva. Será que as reformas<br />

<strong>de</strong> Alvaraao não tiveram nenhum efeito tardio compensador?<br />

CONSOLIDAN<strong>DO</strong> A "TEORIA DAS BRECHAS"<br />

Roberto Queiroz<br />

(Lins da Silva, C E. (coord). Comunicação. Hegemonia e Contra-informação. São Paulo, Cor-<br />

tez/INTERCOM, 1982)<br />

Publicação reunindo em texto os trabalhos apresentados no IV Ciclo <strong>de</strong> Estudos Interdisciplina-<br />

res da Comunicação, promovido pela INTERCOM, este livro, em seu todo, tem o mérito <strong>de</strong> forne-<br />

cer importantes subsídios aqueles interessados em combater a hegemonia da atual correlação <strong>de</strong> for-<br />

ças em nossa socieda<strong>de</strong>.<br />

De inspiração interdisciplinar, esta obra evi<strong>de</strong>ntemente extrapola os parâmetros do sistema <strong>de</strong><br />

comunicação, em um momento <strong>de</strong>cisivo da transição (7) do autoritarismo para a <strong>de</strong>mocracia, as-<br />

sumindo hoje, véspera <strong>de</strong> eleições e período em que as classes populares são cada vez mais solicita-<br />

das como justificativa e causa da ação política, papel ainda mais relevante pela prática que sugere<br />

e exemplifica.<br />

Prisma que ressalta como condição básica na leitura <strong>de</strong>ste livro, em função <strong>de</strong> qualquer práti-<br />

ca contra-hegemõnica, é a assunção básica <strong>de</strong> uma postura polítioo-i<strong>de</strong>ológica prévia bem <strong>de</strong>finida,<br />

justamente o elemento que fornece ao conjunto <strong>de</strong>stes textos a condição <strong>de</strong> não se restringir á ino-<br />

cuida<strong>de</strong> do espaço puramente acadêmico - e não achamos necessário, aqui, retomar discussões'<br />

ultrapassadas sobre o papel do intelectual ou da universida<strong>de</strong> face á dialética do processo político da<br />

comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem interagir.<br />

39

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!