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O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

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<strong>de</strong> Figueiredo Ferraz acredita que o ensino <strong>de</strong> Jornalismo <strong>de</strong>veria ser dado em um curso suplementar<br />

para os já graduados em outra área do conhecimento. Desta forma, em sua opinião, os profissionais<br />

teriam um conhecimento mais profundo dos assuntos sobre os quais passariam a escrever mais tar<strong>de</strong>.<br />

Contudo, a ministra negou que preten<strong>de</strong>sse interferir nos trabalhos (então em andamento) da comis-<br />

são especial do CFE. Ela ressaltou que se tratava apenas <strong>de</strong> uma opinião particular que, por simples<br />

coincidência, é a mesma dos que, no ano passado, preten<strong>de</strong>ram justificar o fim do ensino em m'vel<br />

<strong>de</strong> graduação <strong>de</strong> Jornalismo. Finalmente, no dia 10 <strong>de</strong> outubro, foi a vez do Jornal do Brasil publi-<br />

car artigo do reitor da UnB, José Carlos <strong>de</strong> Azevedo, sobre currículos <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> formação profis-<br />

sional, em que o caso da comunicação é tomado extensivamente como exemplo. Para criticar os cur-<br />

rículos, Azevedo se vale do paradigma da universida<strong>de</strong> norte-americana, omitindo, é evi<strong>de</strong>nte, o fato<br />

muito notório das diferenças estruturais que existem entru ela e a brasileira, a começar pela quanti-<br />

da<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos materiais investidos numa e noutra. Enfim, a campanha contra o ensino <strong>de</strong> comu-<br />

nicação arrefeceu <strong>de</strong> ânimo, mas está longe <strong>de</strong> estar encerrada.<br />

UMA MULHER NO MINISTÉRIO<br />

Em lugar do uniforme ver<strong>de</strong>-oliva, os discretos e elegantes vestidos <strong>de</strong> uma senhora distinta com<br />

uma carreira universitária brilhante: sai o general Rubem Ludwig e entra a professora Esther <strong>de</strong> Fi-<br />

gueiredo Ferraz no Ministério da Educação e Cultura. Sem dúvida, há motivos para esperanças:<br />

pelo menos D. Esther é do ramo. Mas é necessário que se faça justiça: o general Ludwig não foi o<br />

pior ministro da Educação que o Brasil teve. Pelo contrário, seu peso político na guerra das estre-<br />

las que é a sucessão presi<strong>de</strong>ncial acabou convertendoo num talvez involuntário mas sem dúvida<br />

precioso aliado dos que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m as melhores condições <strong>de</strong> ensino no País. Com muito mais suces-<br />

so que seu bem intencionado antecessor intelectual, o general Ludwig conseguiu resistir aos assal-<br />

tos do ministro Secretário do Planejamento contra as poucas verbas para a Educação e assegurou<br />

ao MEC um orçamento bem menos magro do que pretendia o nosso gordo Delfim. Era necessário,<br />

para as ambições presi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> Ludwig e <strong>de</strong> parte do grupo palaciano, que ele se saísse bem da<br />

tarefa que assumiu no MEC em meio aos turbilhões da greve das universida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais. E, sem dúvi-<br />

da, o general-ministro obteve êxitos significativos. Dialogou com os representantes dos professores,<br />

e aten<strong>de</strong>u parcialmente suas reivindicações; simplificou a monstruosa burocracia administrativa do<br />

MEC; <strong>de</strong>u ênfase as necessida<strong>de</strong>s do ensino básico e pré-escolar; terminou com o mito do ensino<br />

profissionalizante <strong>de</strong> 2. grau, materializado na Lei 5692 que foi um dos "projetos-impacto" do go-<br />

verno Mediei, é evi<strong>de</strong>nte, no entanto, que o general Ludwig não resolveu os problemas cruciais da<br />

Educação no País nem abriu perspectivas para que eles viessem a ser resolvidos. Mas isso não se<br />

podia esperar <strong>de</strong> um ministro <strong>de</strong> governo anti-popular. É evi<strong>de</strong>nte que não se po<strong>de</strong> esperar isso<br />

nem mesmo <strong>de</strong> Dona Esther, que dirá do general Ludwig. Mas se a ministra conseguir, ao menos,<br />

o tanto que o general conseguiu, já terá feito muito. Por exemplo: para 1983, o MEC havia solicita-<br />

do orçamento <strong>de</strong> 193,2 bilhões <strong>de</strong> cruzeiros, mas a SEPLAN só autorizou 120,6, numa clara <strong>de</strong>-<br />

monstração <strong>de</strong> que os vestidos falam menos alto do que a farda ver<strong>de</strong>-oliva. Além das brigas com<br />

o ministro Secretário do Planejamento, D. Esther terá que se <strong>de</strong>frontar ainda com o aumento do<br />

número <strong>de</strong> analfabetos, as sempre enormes taxas <strong>de</strong> evasão escolar, a ausência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porcen-<br />

tagem das crianças em ida<strong>de</strong> escolar nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino, a insatisfação da categoria dos profes-<br />

sores em todos níveis <strong>de</strong> ensino, a revolta dos estudantes com a <strong>de</strong>ficiência da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino.<br />

Enfim, todos os problemas que secularmente <strong>de</strong>safiam os educadores brasileiros. Que não falte sor-<br />

te a D. Esther.<br />

PROBLEMAS PARA TEVÊS EDUCATIVAS<br />

No último dia <strong>de</strong> sua gestão (31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1982), o ministro general Rubem Ludwig assinou<br />

portaria intirministeríal (<strong>de</strong> n. 162), que vem sendo consi<strong>de</strong>rada por elementos ligados ás emis-<br />

soras <strong>de</strong> tevê educativa do País como séria ameaça a suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> criação própria. Dei<br />

acordo com um dos queixosos, Carlos Queiroz Telles, da Rádio e Televisão Cultura <strong>de</strong> S. Paulo,<br />

a Portaria 162 po<strong>de</strong> significar o final <strong>de</strong> toda a produção jornalística e <strong>de</strong> entretenimento das te-<br />

vês educativas. Na sua opinião (publicada no Jornal do Brasil <strong>de</strong> 19/9/82), a Portaria po<strong>de</strong>rá tornar<br />

as emissoras educativas estações <strong>de</strong> circuito fechado voltadas apenas para a ensino, subordinará to-<br />

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