19.04.2013 Views

O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

O IMPÉRIO DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

á sedimentação e aprimoramento <strong>de</strong>sse setor universitário. A presença oficial e o apoio dado pela<br />

CAPES e pelo CNPq para a realização do Ciclo constituem indicadores <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> mudança.<br />

Vale ressaltar a«nda que o <strong>de</strong>bate sobre a pesquisa em comunicação não se fez circunscrito ao<br />

panorama nacional. E não po<strong>de</strong>ria ser, quando nada em <strong>de</strong>corrência da própria natureza <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />

tanto teórica quanto metodológica, dos estudos <strong>de</strong> comunicação no Terceiro Mundo. A internaciona-<br />

lização das discussões ocorreu em dois planos: primeiro, através da reflexão que pesquisadores brasi-<br />

leiros realizaram sobre as tendências da pesquisa em comunicação nos países metropolitanos; segun-<br />

do, através da participação <strong>de</strong> pesquisadores estrangeiros, europeus, norte-americanos e latino-ameri-<br />

canos, que trouxeram contribuições para revisar criticamente os modos <strong>de</strong> investigar os processos <strong>de</strong><br />

interação simbólica nos seus pafses <strong>de</strong> origem. Foi bastante rico o diálogo que se estabeleceu entre<br />

pesquisadores brasileiros e estrangeiros, sobretudo porque os participantes <strong>de</strong> outros pafses, ainda<br />

que fiéis aos respectivos postulados metodológicos ou aos seus matizes i<strong>de</strong>ológicos, não se coloca-<br />

ram no papal <strong>de</strong> "donos do saber" (como tantas vezes acorreu no passado), mas assumiram a postu-<br />

ra <strong>de</strong> interlocutores,atentos e humil<strong>de</strong>s, dispostos a um só tempo a apren<strong>de</strong>r e a ensinar. Nesse senti-<br />

do, o Ciclo lntercoiVi/82 sepultou o antigo complexo <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong> que sempre separou os pesqui-<br />

sadores brasileiros dos seus pares estrangeiros, situando-os em pé <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> nessa procura <strong>de</strong> no-<br />

vos rumos para a pesquisa em comunicação. Estabeleceu-se uma nova or<strong>de</strong>m na relação entre pes-<br />

quisadores <strong>de</strong> difer_ ntes países, rompendo-se os parâmetros peculiares ás relações <strong>de</strong> suboridnaçãò<br />

entre as nações no lano internacional. Em lugar <strong>de</strong> mestres (dos pafses <strong>de</strong>senvolvidos) e <strong>de</strong> apren-<br />

dizes (dos pafses periféricos), criou-se uma relação mais intensp e mais proveitosa <strong>de</strong> Intelectuais<br />

que se indagam, cpoperativaments, como a comunicação po<strong>de</strong> contribuir para a construção <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s mais justas e menos opressoras, on<strong>de</strong> as riquezas seiam partilhadas por todos.<br />

O Cido lntercorn/82 revelou também uma face significativa da pesquisa em comunicação no<br />

Braãl: o surgimento <strong>de</strong> pesquisadores jovens que, com muita segurança e sem qualquer subalterm-<br />

da<strong>de</strong> aos já estabelecidos, se lançaram ao <strong>de</strong>bate e trouxeram contribuições valiosas para apontar<br />

as novas tarefas d;í pesquisa em comunicação nesse período <strong>de</strong> transição vivido pela socieda<strong>de</strong><br />

braskleira. É possível que, sem os vícios acadêmicos e sem as <strong>de</strong>formações políticas <strong>de</strong> que não<br />

conseguiram se libertar os pesquisadores da atual geração, esse grupo <strong>de</strong> novíssimos pesquisado<br />

res da comumcaçi possa fazer avançar a pesquisa, empurrando-í. da pesquisa participativas da<br />

pesquisa <strong>de</strong>núncia para a pesquisa-ação.<br />

No entanto, a n aior conquista da rçunião anual da Intercom foi a <strong>de</strong> haver constatado a insufi-<br />

ciência das teorias, metodologias que até agora orientam os estudos acadêmicos nessa área, tornan-<br />

do-se urgente a bui,;a <strong>de</strong> novos parâmetros que fertilizem a sistematização da pesquisa empírica com<br />

o germe crilicizantt da reflexão dialética. Evi<strong>de</strong>nciou-se também que essa procura <strong>de</strong> caminhos reno-<br />

vados para a produ ãò do conhecimento çierflífico na área da comunicação não po<strong>de</strong> se realizar sem<br />

que se altere profundamente a relação éfttre pesquisadores e pesquisados, atuando o cientista não<br />

como serviçal dos que <strong>de</strong>têm o po<strong>de</strong>r, mas como servidor comprometido com as causas e os inte-<br />

resses das populações cujos processos <strong>de</strong> comunicação esforça-se por compreen<strong>de</strong>r e transformar. Is-<br />

so impõe, sem dúvida alguma, uma revisão do comportamento ético adotado pelos pesquisadores<br />

da comunicação, surgindo daí uma atitu<strong>de</strong> mais consciente frente ao trabalho que realizam nas em-<br />

presas, nas universida<strong>de</strong>s, nas igrejas, nos Sindicatos.<br />

O Ciclo lntercom/82 contou com a participação <strong>de</strong> aproximadamente 300 pesquisadores, que<br />

contribuíram com estudos, reflexões ou propostas. Foram quatro os pontos discutidos: 1) Tendên-<br />

cias internacionais da pesquisa em comunicação; 2) Impasses da pesquisa em comunicação na Améri-<br />

ca Latina; 3) Revisão crítica dos estudos sobre comunicação e cultura no Brasil; 4) Desafios políti-<br />

cos e metodológicos da pesquisa em comunicação. Naturalmente, mereceu maior atenção o item re-<br />

ferente á pesquisa brasileira, pois uma dsa finalida<strong>de</strong>s do Ciclo foi justamente avaliar a produção<br />

nacional das décadas <strong>de</strong> 60 e 70, i<strong>de</strong>ntificando-se. a partir daí, priorida<strong>de</strong>s para o trabalho a ser<br />

realizado até o final do século.<br />

Dentre os pesquisadores estrangeiros que participaram do Ciclo, <strong>de</strong>stacaram-se: Everett Rogers<br />

(Stanford-USA), Emile McAnany (Texas-USA), Reter Schenkel (Friedrich Ebert-Alemanha). Arturo<br />

Matute (UNESCO-Chile), Luis Proano (CIESPAL-Equador). Néstor Canclini (UNAM-México). Juan<br />

Gargurevich (APEIC-Peru), Joseph Straubhaar (USICA-USA). Eduardo Contreras (CIESPAL-Equa-<br />

dor). Miguel Reyes Torres (Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciências Pedagógicas-Valparaiso. Chile). Eduardo Castro<br />

(Argentina), Cumanda Gamboa (Guyaquil-Equador). Apesar <strong>de</strong> ausentes, contribuíram com tra-<br />

balhos escritos: Javier Esteinou Madrid (UAM-TICOM-Méxlco). Diego Portales (ILET-Méxioo)<br />

e Maria Cristina Mata (ALER-Equador)<br />

34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!